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Edição de fim de ano traz seleção das coisas mais 'grudentas' no streaming

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São Paulo

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Fim de ano é época de listas de melhores e maiores dos últimos 12 meses. Peço licença ao leitor para quebrar o formato da newsletter e contar a minha.

Ao final de cada ano, gosto de revisitar nas minhas anotações tudo a que eu assisti e destacar os que eu chamo de "mais grudentos": os filmes e séries que não saíram da minha cabeça depois de assisti-los.

Não são bem os meus favoritos, são as coisas que deixaram marca, para o bem e, vez ou outra, para o mal. A seleção é feita dentre os filmes a que eu assisti (72, até o momento da conclusão desta edição, a maioria coisa mais velha e repetida): tem muito mais coisa por aí que poderia ter entrado na lista, tivesse eu mais tempo, ou se tivessem estreado por aqui.

Com muito sofrimento, escolhi sete filmes "grudentos" que chegaram ao streaming em 2023. Minhas séries favoritas do ano aparecerão em outro lugar!

'Retorno a Seul'

Pode ser o fator recentidade, mas não fui capaz de parar de pensar neste filme nos últimos dias, desde que resolvi tirá-lo da minha infinita lista de coisas para assistir.

Freddie (Park Ji-min), uma jovem francesa, decide num impulso procurar por seus pais biológicos durante uma visita a Seul. A partir daí, o filme dá saltos no tempo, mostrando as diferentes vidas que Fréddie vive dos 24 aos 30 e pouco, em idas e vindas à Coreia do Sul.

O filme dá uma desacelerada no fim do segundo terço, mas é movido pela força da atuação de Park —uma artista plástica em seu primeiro papel como atriz. A intensidade e o desprendimento com que ela encarna a personagem são embasbacantes, em especial numa estreia. Freddie é carismática, impulsiva e difícil, sempre pronta a disparar seus espinhos ou causar um pouco de caos para desviar a atenção de suas vulnerabilidades.

HBOMax, 119 min.

Park, uma mulher jovem, veste casaco preto com a gola alta prendendo seus cabelos. Ela tem as mãos nos bolsos e olha para trás, em uma rua iluminada em Seul
Park Ji-min em cena de 'Retorno a Seul' - Divulgação

'Passagens'

Falando em gente difícil, o cineasta Tomas (Franz Rogowski) certamente lidera a lista dos personagens mais complicados do ano. Depois de terminar de rodar mais um de seus filmes, Tomas passa a noite com Agathe (Adèle Exarchopoulos), o que desagrada um pouco seu marido, Martin (Ben Whishaw). Os três então se enrolam em um triângulo amoroso fadado a magoar todos os envolvidos.

Nas mãos de Rogowski, Tomas é ao mesmo tempo um garoto perdido e um monstro narcisista, e Whishaw e Exarchopoulos trazem aos seus personagens as dores reais de vítimas que se lançam ao perigo de olhos abertos.

Mubi, 91 min.

'Rye Lane: Um Amor Inesperado'

Outro dia um amigo me pediu uma indicação de uma comédia romântica para uma sexta-feira chuvosa, e "Rye Lane" foi minha resposta imediata, meses após sua estreia. Pequeno e charmoso, o filme faz de Londres uma cidade colorida e romântica, onde a química imediata dos dois protagonistas, Dom (David Jonsson) e Yas (Vivian Oparah), floresce de maneira natural. No filme, os dois passam um dia caminhando pela cidade e tentando se ajudar mutuamente a superar um ex. O roteiro é divertido e criativo sem perder de vista que é uma comédia romântica, com um mocinho e uma mocinha que o espectador quer que terminem juntos.

Star+, 82 min.

'Entre Mulheres'

É um filme do ciclo de premiações passado, mas só estreou no Brasil neste ano e chegou ao PrimeVideo há pouco tempo. Conta a história de um grupo de mulheres menonitas que descobrem ter sido drogadas e violentadas sistematicamente pelos homens da própria comunidade —seus filhos, maridos, cunhados, vizinhos. Diante dessa verdade horrível, elas se reúnem num celeiro e precisam decidir, enquanto os homens estão na delegacia, se ficam ou se partem.

Adaptado pela também diretora Sarah Polley de um livro de Miriam Toews baseado numa história real ocorrida na Bolívia, o filme é um pouco raso em suas constatações sobre o patriarcado, mas muito comovente nos momentos em que mostra como essas mulheres —um elenco recheado liderado por Claire Foy, Jessie Buckley e Rooney Mara— cuidam umas das outras.

Prime Video, 104 min.

'Nyad'

Este é um exemplo de filme grudento "para o mal". Não é particularmente bom em nada, mas tem uma atuação tão vibrante de Jodie Foster, que não fui capaz de me livrar dele ainda.

Dirigido por Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, é um filme de esportes bem tradicional: uma atleta (Diana Nyad, interpretada por Annette Bening) tem um sonho inatingível (nadar de Cuba até a Flórida sem o uso de uma gaiola de proteção contra tubarões), enfrenta contratempos (águas-vivas, correntes marítimas, tempestades) e conquista seus objetivos (aos 64 anos, se tornou a primeira mulher a fazer essa travessia sem a gaiola).

Foster interpreta Bonnie Stoll, melhor amiga e treinadora de Nyad. Diferentemente dos grandes papéis da atriz duas vezes ganhadora do Oscar, Bonnie é uma pessoa fundamentalmente feliz, ainda que tenha seus estresses com a amiga. Ver Foster tão relaxada é inesperado e um tanto hipnotizante.

Netflix, 120 min.

As duas mulheres estão lado a lado, vestindo roupas esportivas. As duas se entreolham e sorriem
Jodie Foster como Bonnie Stoll e Annette Bening como Diana Nyad em 'Nyad', da Netflix - Kimberley French/Netflix

'Assassinos da Lua das Flores'

Uma obra-prima de um mestre com uma carreira cheia delas, "Assassinos" conta a história do Reino de Terror, um período na história dos Estados Unidos no começo do século 20 em que indígenas osage foram massacrados por brancos interessados em seus direitos de posse de terras ricas em petróleo.

Martin Scorsese, em seu roteiro coescrito com Eric Roth, centra (tanto quanto pode) os osage, tendo consultado os indígenas em diversos aspectos da produção, da linguagem aos figurinos. Mas seu maior trunfo é a escalação de Lily Gladstone (que não é osage) como Mollie Burkardt, o coração trágico do filme.

O longa (e como é longo) é daqueles que fazem o espectador sair correndo do cinema para ler tudo o que pessoas mais interessantes escreveram sobre ele. Foi o que eu fiz. Destaco aqui a crítica de Dana Stevens, na Slate, e a de Soraya Roberts, no Defector, além é claro, da cobertura da Folha..

Disponível para aluguel em iTunes, Amazon e Google Play, 206 min. Ainda sem data de estreia na AppleTV+.

'Barbie'

Seria irresponsável deixar Barbenheimer de fora da lista, mas o fato é que nem de longe eu pensei em "Oppenheimer" tanto quanto pensei em "Barbie".

Não só pelo hino "I’m Just Ken", interpretado com verve por Ryan Gosling, mas pelo grau de dificuldade da manobra executada por Greta Gerwig: apresentar a um público (talvez) insuspeito os efeitos do patriarcado sobre as mulheres enquanto reabilita a imagem da boneca Barbie de "modelo opressivamente inatingível" a "representante das infinitas possibilidades" do que é ser mulher. E tudo isso enquanto tira sarro da Mattel, usando o dinheiro da Mattel.

O filme tem lá suas imperfeições —iguala reconhecer um problema a resolvê-lo, por exemplo—, mas não deixa de ser impressionante.

Chega à HBOMax nesta sexta (15), 114 min.

O que está chegando

As novidades nas principais plataformas de streaming

'A Seleção dos EUA na Copa do Mundo Feminina'

Docussérie em quatro partes que acompanha os bastidores da seleção tetracampeã do mundo em sua pior campanha num mundial, no último mês de julho, na Austrália e Nova Zelândia.

Netflix, quatro episódios.

Jessica Silva, vestindo uniforme vermelho, está sentada no chão, abraçando os joelhos e com a cabeça baixa. De pé, Megan Rapinoe, acaricia a cabeça de Jessica.
Megan Rapinoe conforta Jessica Silva, da seleção de Portugal, após partida entre as duas seleções na Copa do Mundo - Saeed Khan - 1º.ago.23/AFP

'A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets'

A felicidade de Ginger (agora com a voz de Thandiwe Newton), Rocky (agora Zachary Levi) e as demais galinhas que fugiram da fazenda Tweedys no primeiro filme, de 2000, se vê novamente ameaçada. O casal, agora pais de Molly (Bella Ramsey), vai encarar novos desafios para garantir a sobrevivência da comunidade.

Na Netflix a partir desta sexta (15), 98 min.

'Carol & The End of The World'

Um misterioso planeta viaja em rota de colisão com a Terra, mergulhando o mundo num caos hedonista. No meio de toda a bagunça está Carol (Martha Kelly), uma mulher quieta e perpetuamente desconfortável.

Na Netflix a partir desta sexta (15), uma temporada, dez episódios.

'Plano em Família'

Os Morgans vivem uma vida tranquila e suburbana, até que inimigos do passado de Dan (Mark Wahlberg), um ex-assassino de elite do governo, o localizam. Para se livrar das ameaças e proteger sua família sem colocá-los em perigo, ele leva todos para passar férias em Las Vegas, onde enfrentará os bandidos que querem matá-lo.

Estreia na AppleTV+ nesta sexta (15), 118 min.

'Os Delinquentes'

Candidato argentino ao próximo Oscar de Filme Estrangeiro. Morán (Daniel Elías) é um funcionário quase invisível de um banco. Ele revela ao colega Román (Esteban Bigliardi), ter roubado 650 mil pesos da instituição, o dobro do que ganharia com sua aposentadoria, e propõe que o amigo esconda o dinheiro enquanto ele cumpre pena.

Chega à Mubi nesta sexta (15), 180 min

'Paul McCartney - Got Back'

O show do ex-Beatle no Maracanã será transmitido ao vivo neste sábado, às 21h15. A transmissão ficará disponível por 30 dias nas duas plataformas, a partir de domingo (17).

Star+ e Disney+, neste sábado (16), 21h15.

Veja antes que seja tarde

Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming

'Lavoura Arcaica'

Pedro (Leonardo Medeiros) é encarregado de localizar seu irmão mais novo, André (Selton Mello), que fugiu da fazenda da família rumo à cidade, onde espera se distanciar do relacionamento difícil com o pai, a mãe e a irmã.

Na Mubi até o sábado (23), 171 min.

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