'Tenho direito a dar minha opinião', diz Kanye West sobre antissemitismo

Rapper deu entrevista no aeroporto na volta do Super Bowl e pediu desculpas a 'todas as crianças judias' que são suas fãs

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São Paulo

O rapper Kanye West deu entrevista ao site TMZ nesta segunda e afirmou que há bons motivos para não ter sido cancelado e disse não recuar das declarações antissemitas que deu recentemente.

Para West, que agora se autointitula Ye, ser "incrivelmente talentoso" e ter ideias "únicas e interessantes" o ajuda a permanecer popular. "Vou ser honesto com você. Eu fiquei a apenas dois meses de ir à falência e eu investi tudo que eu tinha nisso. Nos mudamos para a Itália e sobrevivemos. Sobrevivemos ao cancelamento. Estamos de volta. Número um", disse à reportagem.

O rapper Kanye West, que agora quer ser conhecido como Ye - AFP

Na conversa, que aconteceu nos corredores do aeroporto internacional de Los Angeles, onde o artista esteve ao voltar das festividades do Super Bowl em Las Vegas, Ye foi perguntado se a polêmica o teria ajudado.

"Não é sobre a polêmica em si. É sobre a habilidade de dizer o que você pensa, em alto e bom som. E, se eu não tivesse muitas habilidades em relação à música, à moda e aos meus fãs, eles me destruiriam. Mas, como sou talentoso, estou dentro deste universo e sou capaz de lutar".

Sobre as plataformas de streaming terem removido suas músicas, ele diz que tal atitude só o ajudou. "Somos número um. Enquanto eu respirar, estarei aqui pelos meus artistas. É isso que a indústria faz, ela atravessa seu caminho. Os diamantes são infinitos, mas as pessoas fazem disso um mercado", afirmou.

No último dia 9, ele teve uma transmissão ao vivo interrompida após se declarar antissemita. O rapper revelava faixas de seu novo álbum, "Vultures", na plataforma Veeps, em uma transmissão a partir do ginásio esportivo Chicago's United Center, vestindo uma máscara de Jason, personagem de "Sexta-feira 13".

"Eu tenho direito a dar minha opinião. Todos nós temos. Mas muita gente perde seus empregos, suas carreiras, por seguir o caminho que seguimos. Tivemos problemas por um ano e meio. Tem gente que pensa que eu fui expulso da Adidas por causa daquele tuíte [quando pediu a morte de judeus], mas a gente já vinha tendo problemas antes", disse.

"Eles vinham roubando meus designs. Vinham tentando me processar. Mas olha onde estou agora. Essas marcas, Gap, Balenciaga, elas só querem usar as celebridades. Eu já pedi desculpas, e eles continuam me ferrando. E algumas das coisas que eu vinha dizendo são verdadeiras."

A reportagem questiona, então, se ele se considera antissemita, ao que Ye responde que "pessoas negras não podem ser antissemitas". "Nós somos judeus", afirma.

O rapper pediu desculpas, no entanto, a seu público infantil. "A todas as crianças judias que me amam sinto muito por vocês terem tido que ouvir uma 'conversa de adultos'. Mas é que chegamos a um ponto em que algo tinha de acontecer, algo tinha de ser dito."

Ye também diz ter sido medicado com remédios que considera equivocados, quando recebeu tratamento para transtorno bipolar. "Vocês todos tentam matar os super-heróis, mas nós continuamos vivos."

Ao final da conversa, o rapper foi perguntado sobre o conflito entre Israel e Hamas —ele disse que não tinha informações suficientes para dar sua opinião.

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