Descrição de chapéu Virada Cultural LGBTQIA+

Verba da Virada Cultural bate recorde e é a mais alta dos últimos dez anos

Festival deste ano custará quase R$ 60 milhões aos cofres públicos, um aumento de 30% em relação ao ano passado

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São Paulo

A Virada Cultural deste ano custará quase R$ 60 milhões aos cofres públicos, um aumento de 30% em relação à edição do ano passado, quando foram gastos R$ 46 milhões no evento, um dos mais aguardados do calendário de São Paulo.

Segundo a Secretaria Municipal da Cultura, foram gastos R$ 33,4 milhões para infraestrutura e R$ 26,4 milhões em contratações artísticas, totalizando R$ 59,8 milhões. O festival acontecerá neste sábado (18) e domingo (19), com apresentações de artistas como Pabllo Vittar, Kevin O Chris, Léo Santana, Joelma, Xamã, Raça Negra e Psirico.

Publico acompanha Show dos Barões da Pisadinha no palco de São Miguel Paulista durante Virada Cultural 2022 - Eduardo Knapp/Folhapress

Em relação ao cachê dos artistas, o mais alto é o do cantor sertanejo Leonardo, que receberá R$ 550 mil. Em seguida, vem Léo Santana, com R$ 500 mil e, depois, a cantora Gloria Groove, com R$ 400 mil.

Pabllo Vittar, artista que se apresentou no show da cantora Madonna, em Copacabana, receberá R$ 357 mil para participar do evento. Já Joelma, dona do hit "Voando pro Pará", ganhará R$ 300 mil. Os valores foram publicados no Diário Oficial da cidade.

A Virada deste ano quebra o recorde de gastos da edição do ano passado, que havia se tornado a mais cara dos últimos dez anos. À época, especialistas consideraram os gastos excessivos, argumentando que ele é alto demais para um evento que acontece em apenas um fim de semana.

Coordenador da Virada, Bruno Santos diz que o retorno financeiro gerado pelo festival compensa os gastos. "Às vezes, as pessoas olham somente o número e não o ganho cultural que a Virada traz. Além disso, tem o impacto econômico também. São 12 regiões que estão ali com seus comércios sendo aquecidos pelo poder público."

De acordo com ele, o festival deve trazer R$ 120 milhões para a economia da cidade e empregar 2.000 pessoas. "Quando ocorre investimento em esporte e cultura, sempre dizem que é muito dinheiro."

Um dos motes desta Virada é a descentralização, processo que já vinha acontecendo desde 2022 e ampliado no ano passado. Nesta edição, serão 22 palcos espalhados pela capital paulista, do centro a Parelheiros, passando por Heliópolis e Itaquera.

Para Santos, esse processo é importante para democratizar o acesso à cultura na capital paulista. "Quando entramos na Prefeitura, em 2021, fizemos um estudo que constatou que 49% de todo o investimento da cultura estava no centro, o que é muito elevado tendo em vista que 42% dos equipamentos de cultura já estão nessa região."

Ele diz também que a descentralização é importante para aquecer a economia da periferia. "Dessa forma, é possível desenvolver a cadeia de comércio, que acaba girando em torno da cultura. A indústria criativa é um grande motor para uma parte da nossa economia", diz ele, acrescentando que espalhar os palcos pela cidade facilita o deslocamento.

"Pelo tamanho da cidade, quando colocamos palco perto da casa das pessoas, o acesso aos shows fica mais fácil."

Santos acrescenta que a programação da Virada foi pensada para refletir a diversidade regional do Brasil. "São Paulo tem pessoas do país inteiro. Então, todas as regiões estão representadas com artistas na Virada. Nós temos desde artistas que ainda não são consagrados a nomes como Pabllo Vittar e Joelma."

O medo de furtos e roubos é uma preocupação que paira sobre o público que vai ao evento. Em 2022, por exemplo, pessoas foram esfaqueadas e arrastões tomaram o centro de São Paulo.

Segundo a Secretaria da Cultura, todos os palcos terão controle de acesso e revista. "O planejamento de segurança foi alinhado com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) - que contará com o efetivo da Guarda Civil Metropolitana, apoio aos agentes públicos e parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP)", diz a pasta, em nota.

No ano passado, as cenas de violência não foram registradas, mas a região central ficou esvaziada durante algumas apresentações.

Nomes como Gloria Groove e BaianaSystem se apresentaram no maior palco do evento, no Vale do Anhangabaú, mas não atraíram uma multidão capaz de atingir a capacidade de 60 mil pessoas.

Santos nega que haja um esvaziamento da Virada, argumentando que o que ocorre é uma troca de público entre um show e outro. "Como a virada é muito diversa, ela tem artistas de todos os segmentos. É normal que, às vezes, quem está assistindo a um show de rock não queira ficar para um show de samba e vice-versa."

Uma das novidades desta edição é a possibilidade de o público doar mantimentos para o Rio Grande do Sul, estado atingido por fortes chuvas que inundaram cidades e deixaram mais de cem mortos.

Serão aceitos alimentos não perecíveis —como arroz, feijão, macarrão, enlatados— e água potável. Por esse motivo, a prefeitura decidiu batizar essa edição de "Virada da Solidariedade".

"São Paulo é a cidade de todos. Então, nesse momento em que nossos irmãos passam por essa situação de calamidade, a gente decidiu fazer esse esforço para tentar dar um auxílio mesmo que a distância", diz Santos.

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