Setor público brasileiro tem superavit primário recorde de R$ 47 bi em janeiro

A dívida líquida do país, porém, subiu a 51,8% do PIB, contra 51,6% em dezembro

Notas e moedas de real; Brasil teve superávit primário recorde em janeiro
Notas e moedas de real; Brasil teve superávit primário recorde em janeiro
Brasília | Reuters

Com maior arrecadação federal e boa performance de Estados e municípios, o Brasil registrou superavit primário recorde de R$ 46,9 bilhões em janeiro, no caminho para cumprir a meta fiscal, apesar de a dívida pública ter subido no período.

O resultado primário é o melhor mensal já registrado na série histórica do Banco Central iniciada em 2001.

Em pesquisa da agência Reuters, a expectativa para janeiro era de que a economia feita para pagamento de juros da dívida pública ficaria em R$ 29,1 bilhões.

O dado acima do esperado veio principalmente pelo superavit primário de R$ 36,5 bilhões de reais do governo central (federal, BC e Previdência).

Na  véspera, o Tesouro já havia apontado que o forte desempenho teve ajuda da arrecadação, que vem respondendo à retomada da economia, e receitas extraordinárias com o Refis, programa de renegociação tributária.

Em 12 meses, o déficit primário do setor público consolidado foi a R$ 100,3 bilhões de reais, equivalente a 1,53 % do PIB (Produto Interno Bruto), melhor que a meta do ano, de rombo de R$ 161,3 bilhões.

Os governos regionais também registraram superavit expressivo em janeiro, de R$ 10,5 bilhões, sendo R$ 8,5 bilhões de Estados e quase  R$ 2 bilhões de municípios. Já as empresas estatais tiveram déficit primário de R$ 126 milhões.

O BC informou ainda que o resultado nominal —receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros— veio positivo em R$ 18,626 bilhões em janeiro, o que não ocorria desde o mesmo mês do ano passado (+ R$ 299,39 milhões).

Apesar do primário recorde, em janeiro a dívida líquida do país subiu a 51,8% do PIB, contra 51,6% em dezembro.

Segundo o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o principal fator foi o efeito do ajuste cambial, já que no período houve queda de cerca de 4%  do dólar sobre o real. Na prática, isso diminuiu o valor em reais das reservas internacionais do país.

Já a dívida bruta, que não incorpora as reservas, avançou a 74,5% do PIB, contra patamar de 74% no último mês do ano passado.

Nesse caso, disse Rocha, o fator determinante foi a emissão líquida de R$ 24,581 bilhões, recursos que foram tanto para o mercado quanto para o Banco Central.

No mês, acrescentou ele, houve a injeção de R$ 88,043 bilhões em compromissadas para enxugar a liquidez do mercado.

Para fevereiro, o BC prevê que a trajetória de alta seguirá tanto para a dívida líquida quanto para a bruta, a 52,1% e 74,9% do PIB, respectivamente.

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