Empresa de Warren Buffett lucra US$ 29 bi em 2017 com plano fiscal dos EUA

A Berkshire Hathaway se beneficiou da nova legislação, assinada em dezembro por Trump

O megainvestidor Warren Buffett anunciou que sua empresa Berkshire Hathaway teve lucro de US$ 29 bilhões em 2017
O megainvestidor Warren Buffett anunciou que sua empresa Berkshire Hathaway teve lucro de US$ 29 bilhões em 2017 - Yuri Gripas/AFP
Nicole Friedman
The Wall Street Journal

A Berkshire Hathaway, empresa do megainvestidor Warren Buffett, anunciou neste sábado (24) que teve um lucro de US$ 29 bilhões em 2017 por causa da mudanças na lei fiscal dos EUA, um reforço que inflou os lucros anuais do conglomerado com sede de Omaha (Nebraska), nos Estados Unidos.

A nova legislação, assinada em dezembro pelo presidente Donald Trump, rebaixou as estimativas da Berkshire sobre quanto teria de pagar em impostos sobre os investimentos em ações que detém hoje. A Berkshire tem bilhões em ganhos não realizados em investimentos em ações, e esses ganhos hoje, cm a mudança na lei, deverão ser taxados em 21%, contra os anteriores 35%.

O resultado líquido imediato para a Berkshire foi de US$ 29 bilhões, o que ajudou a empurrar os ganhos líquidos da empresa para US$ 44,94 bilhões em 2017, contra US$ 24,07 bilhões no ano anterior. O ganho adicional compensou o declínio em certos negócios. Os ganhos operacionais da Berkshire caíram 18%, de US$ 17,6 bilhões em 2016 para US$ 14,5 bilhões em 2017, pois furacões e outras catástrofes causaram perdas nas operações de seguros da companhia. 

O valor contábil da Berkshire por ação subiu 23% em 2017, segundo a companhia, comparado com um retorno total de 22% no S&P 500, incluindo dividendos.

O presidente da Berkshire, Warren Buffett, disse em uma carta divulgada aos acionistas no sábado que o grande ganho no valor líquido da companhia é "real", mas "não veio de nada que realizamos na Berkshire".

Ele também lamentou a falta de oportunidades de aquisição por bom preço para uma companhia que já possui de tudo, de uma ferrovia e empresas de serviços públicos a indústrias e lojas de varejo. A pilha crescente de dinheiro da Berkshire, que está principalmente investido em títulos do Tesouro, inflou para um recorde de US$ 116 bilhões no final do ano.

"Precisaremos fazer mais uma ou duas grandes aquisições", escreveu Buffett em sua carta anual. Os preços das empresas estavam altos demais para o gosto dele em 2017, segundo disse, mas "nossos sorrisos vão crescer quando tivermos redirigido os fundos excedentes da Berkshire para ativos mais produtivos".

Em outubro, a Berkshire vendeu uma participação de 38,6% na companhia de paradas para caminhões Pilot Travel Centers que aumentará para uma participação de 80% em 2023. Mas dois grandes acordos potenciais falharam no ano passado. A Kraft Heinz. desistiu de uma oferta de US$ 143 bilhões, que teria sido em parte apoiada pela Berkshire, pela Unilever. E a empresa de transmissão de energia Oncor, do Texas, terminou um acordo com a filial de distribuidoras da Berkshire em favor de uma oferta maior da Sempra Energy.

Algumas das cerca de 60 subsidiárias da Berkshire concluíram aquisições, mas esses acordos tendem a ser pequenos. A Berkshire gastou US$ 2,7 bilhões em aquisições repentinas em 2017, segundo a companhia, contra US$ 1,4 bilhão no ano anterior.

A carta anual de Buffett é amplamente lida por investidores e analistas. Neste ano, o documento de 17 páginas foi mais curto que de hábito e deixou de fora alguns dos temas costumeiros de Buffett sobre a economia americana e perspectivas futuras dos EUA. Ele também evitou dar qualquer nova pista sobre o planejamento de sua sucessão, depois de promover dois executivos a vice-presidentes no mês passado. 

No entanto, ele reiterou seu conselho de que os indivíduos devem investir passivamente e evitar altas taxas de administração enquanto discutia a contagem final de sua aposta de que um fundo indexado no S&P 500 se sairia melhor que uma cesta de fundos hedge em uma década.

Buffett ganhou a aposta no final de 2017, e o prêmio de mais de US$ 2 milhões foi dado à Girls. de Omaha, uma instituição beneficente na cidade natal de Buffett.

Nos dez anos da aposta, o fundo indexado teve um ganho anual médio de 8,5%. Os cinco fundos hedge selecionados pela administradora de fundos Protégé Partners relataram ganhos anuais médios entre 0,3% e 6,5%. Um dos fundos foi liquidado no ano passado. 

Ele também explicou um detalhe da aposta: as participações foram colocadas originalmente em títulos do Tesouro, mas Buffett e seus adversários reinvestiram o dinheiro em ações da Berkshire depois que o rendimento dos títulos caiu. O rendimento cai quando os preços sobem. 

Ele advertiu que investidores em longo prazo como fundos de previdência não devem medir o risco de seu investimento com base na porcentagem de ações e títulos, porque os títulos podem ser mais arriscados que as ações com o tempo. 

"Nossos títulos tinham se tornado um investimento burro --realmente burro-- comparados com ações americanas", disse ele.

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