Investidor deve aguardar antes de vender ações, dizem analistas

Momento pede cautela após forte queda nas Bolsa globais

Investidor observa monitor de mercado em Taipei, capital de Taiwan
Investidor observa monitor de mercado em Taipei, capital de Taiwan - Sam Yeh/AFP
Anaïs Fernandes
São Paulo

Manter a cabeça fria é o mantra dos analistas aos investidores nesta terça-feira (6), após a forte queda dos índices americanos e a desvalorização da Bolsa brasileira registradas na segunda (5).

 Para quem já tem ações, a recomendação é aguardar, diante de uma instabilidade não só nos mercados acionários, mas também no câmbio e em commodities, diz Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais. "Quem está dentro não deve sair, se tiver boas opções de investimentos", diz.

O quadro geral, ele afirma, é de recuperação econômica global e das empresas, mas isso não exclui uma volatilidade até que os mercados encontrem novo ponto de equilíbrio.

No último pregão, o Dow Jones, índice das ações mais negociadas nos Estados Unidos, fechou com baixa de 4,6%. O Ibovespa, dos papéis com maior liquidez na Bolsa brasileira, caiu 2,59% na segunda e operava em baixa de 0,28% às 11h40 desta terça.

"Viemos de recorde atrás de recorde em praticamente todos os mercados, e esse agora é um momento de arrumação. Não dá para quem tem ações sair vendendo depois da queda de ontem e, com isso, achar que vai conseguir pegar mais embaixo ainda. Pode até dar certo, mas é um risco", afirma Bandeira.

Fabrício Stagliano, analista-chefe da Walpires, também recomenda a manutenção do investidor no mercado acionário, já que vê tendência de alta no longo e até médio prazo (cerca de um ano).

"O que pode ser feito é alguma correção na carteira e até proteção de capital, como uma exposição a ações relacionadas ao dólar", orienta.

 

CURTO PRAZO

No curto prazo, no entanto, Stagliano diz que a tendência é de baixa, e a Bolsa brasileira pode retornar ao 79 mil pontos. Em 26 de janeiro, o índice atingiu os 85 mil pontos pela primeira vez na história.

"Não chega a ser uma correção preocupante, está dentro do normal para um mercado que subiu bastante. Mas, se o objetivo do investidor for de mais curto prazo, pode ser melhor ficar de fora", diz.

Com cuidado, porém, o momento pode ser de ir entrando aos poucos no universo das ações. "Para quem não tem nada, pode ser uma oportunidade de ir começando a montar uma carteira, mas com bastante cautela, porque o cenário é incerto", diz Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

"A compra deve ser progressiva. Se cair um pouco mais, compra, se recuar mais, compra de novo. Isso considerando, claro, boas ações, de empresas com governança e boa política de dividendos", completa Bandeira.

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