Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, afirmou que um telefonema do presidente Michel temer ao líder americano, Donald Trump, é “imprescindível” para que a suspensão temporária das tarifas sobre o aço se transforme em isenção definitiva.

Segundo ele, a negociação por meio do escritório comercial dos EUA (USTR), que tem prazo até 30 de abril, será muito dura.

“Os EUA não montaram esse processo todo para depois dar carimbo de aprovado para todos os países exportadores”, disse.

Por isso, além da negociação técnica, indicou, é preciso ter a intervenção presidencial. “O único que pode tirar as tarifas é o Trump, e a única pessoa com canal direto com ele é o presidente Temer”.

Brasil, Coreia do Sul, Argentina, Austrália e UE, além dos anteriormente anunciados Canadá e México, terão as tarifas sobre aço e alumínio suspensas enquanto negociam a exclusão definitiva das sobretaxas, até 30 de abril. 

Rússia, Turquia, Japão, Taiwan, China e Índia, que estão entre os 10 maiores exportadores, não estão na lista de suspensão, e as tarifas passam a incidir sobre os produtos desses países a partir desta sexta-feira (23).

Lopes pediu atenção redobrada do governo brasileiro diante de um possível surto de importação de aço no mercado brasileiro, por causa do fechamento americano a exportadores como China, Rússia, Taiwan.

Segundo ele, o ministério do desenvolvimento está monitorando para detectar rapidamente se há algum aumento abrupto de importação de aço no Brasil.. "Esse aço sobrando vai entrar onde houver maior vulnerabilidade, a UE já está se fechando, o Japão provavelmente fará o mesmo, pedimos uma defesa comercial ágil.”

O presidente da organização que representa as siderúrgicas brasileiras relatou ter conversado nesta quinta-feira com o presidente Temer, por telefone.

“Fiz um apelo para que o presidente não deixasse de telefonar ao Trump, porque a exclusão é apenas temporária. Temer me assegurou que o telefonema está agendado para hoje, ou, mais tardar, amanhã.”

SEM DETALHES

Ele admitiu que o funcionamento da isenção ainda não está claro. O secretário do comércio, Wilbur Ross, anunciou que haverá uma conta-garantia, com depósito de garantias, para o pagamento de tarifas para os países que ficaram temporariamente isento das sobretaxas.

Caso o governo americano decida impor as tarifas parcialmente ou integralmente, após o período de avaliação, as tarifas serão aplicadas de forma retroativa, informou Ross. Ele não especificou se isso se aplica a produtos ou países em negociação.

“Não temos o detalhamento de como vai funcionar a exclusão, se vamos ter que pagar depósitos de garantias, esperamos que haja um esclarecimento”, disse Lopes. 

“Estamos em contato com a agência de imigração e alfândega e haverá estabelecimento de 'Eescrow accounts' [conta garantia] dessas tarifas", informou Ross.

Lopes também disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pode viajar para Washington para se encontrar com o líder da câmara americana, Paul Ryan, e os comitês de aço, carvão e Brasil.

Lopes comemorou a suspensão temporária das tarifas sobre o aço brasileiro. “Conseguimos mandar a mensagem para o governo americano de que a exportação do aço brasileiro tem peculiaridades”, disse.

Mas ele advertiu que se trata apenas de um alívio temporário.

Os EUA são os maiores consumidores do aço brasileiro, com importação anual de US$ 2,6 bilhão.

Segundo estimativa da Camex, a imposição das tarifas poderia causar uma perda anual de US$ 1,3 bilhão nas exportações.