Filipe Oliveira
São Paulo

As ações do presidente americano Donald Trump para proteger a economia de seu país a partir da sobretaxação de produtos importados e as contra-ofensivas da China, principal alvo do republicano, vêm despertando o temor de uma guerra comercial entre as duas principais potências mundiais.

O primeiro movimento em direção ao cenário atual, em que os dois países vêm divulgando extensas listas de produtos que terão tarifas aumentadas, aconteceu ainda em 22 de janeiro. Na data, Trump impôs tarifas comerciais contra painéis solares e máquinas de lavar, importados especialmente da China.

Ali a Casa Branca afirmava que sua intenção era proteger os trabalhadores americanos e a indústria local da importação massiva de produtos com preços baixos.

Em 13 de fevereiro, o republicano começou a indicar que suas políticas para proteger a produção local seriam mais agressivas, ao dizer a grupo de senadores e deputados que considerava tarifar a importação de aço e alumínio de muitos países, sob o argumento de que práticas de dumping (venda de produtos com preço abaixo do valor justo) prejudicariam os Estados Unidos.

Em 8 de março o americano assinou o ato que estabelece tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importado pelos Estados Unidos, definindo que os únicos países isentos seriam o México e o Canadá.

Trump justificou as tarifas com base numa lei do tempo da Guerra Fria, de 1962, que dá a ele a prerrogativa de estabelecer proteções comerciais com base na segurança nacional.

A China logo respondeu, na voz de seu ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, , dizendo que agiria do modo que fosse necessário no caso de uma guerra comercial com os Estados Unidos,

Inicialmente, o Brasil estava entre os países afetados pela medida, que derrubou as ações das siderúrgicas nacionais. No ano passado, os produtos semimanufaturados de ferro ou aço foram o quarto maior item das exportações brasileiras aos Estados Unidos, somando US$ 1,84 bilhão.

A indústria nacional teve alívio no dia 22 de março, quando o governo americano informou que suspenderia a imposição de tarifas sobre produtos vindos do Brasil, Coreia do Sul, Argentina, Austrália e da União Europeia.

A possibilidade de exclusão definitiva das taxas nas importações desses países deve ser negociada até 30 de abril.

Ao mesmo tempo em que se dispunha a negociar as taxas, o governo Trump anunciou a criação de novas cobranças, dessa vez sobre fio de aço e aço carbono da Espanha, Itália, Coreia do Sul, Turquia e Reino Unido, também com a acusação de que esses países praticavam dumping.

AÇÃO E REAÇÃO


Em relação à China, os ataques americanos recrudesceram no dia 22 de março, quando o governo americano impôs tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos chineses. O montante corresponde a cerca de 10% das exportações chinesas para os EUA.


A medida foi definida em resposta ao que o governo dos EUA afirma ser um roubo de propriedade intelectual do país.

O presidente americano também determinou que sejam tomadas medidas para restringir o investimento chinês em empresas nos EUA, que estaria sendo feito de forma desleal, com o objetivo de absorver tecnologia americana.


A ação americana disparou o contra-ataque chinês. No mesmo dia em que os EUA ameaçavam impôr novas tarifas, o governo chinês disse que estudava taxar US$ 3 bilhões em importações americanas.

No dia 1º de abril, o governo chinês informou que as medidas passariam a valer no dia seguinte e incluiria tarifa de importação de 25% sobre carne suína e de 15% sobre 120 outras commodities, que vão de amêndoas a maçãs.

Na terça-feira (3), o governo americano e divulgou a lista de produtos sobretaxados, com cerca de 1.300 itens. Com muitos produtos de tecnologia, ela inclui itens como luzes de LED, telas do tipo touch screen, televisores, motores, aço e componentes eletrônicos.

A decisão ainda não é final, e ela será submetida a uma audiência pública.

Nesta quarta-feira (4), a China anunciou uma nova lista de 106 famílias de produtos sobretaxados, incluindo a soja, carros e outros produtos americanos. A data em que a medida entra em vigor ainda será anunciada.

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