Aviação tem prejuízo diário de R$ 50 milhões desde início da greve

Voos devem continuar a ser cancelados, sem previsão de normalização, dizem empresas

Guilherme Magalhães
São Paulo

​A aviação comercial brasileira tem registrado um prejuízo diário de R$ 50 milhões desde o início da greve de caminhoneiros no país, na segunda-feira passada (21).

Caminhão abastece aeronave no aeroporto de Brasília
Caminhão abastece aeronave no aeroporto de Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

A estimativa é da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), que reúne as quatro principais companhias —Avianca, Azul, Gol e Latam—, que respondem por 99% do transporte aéreo comercial no país.

Os custos envolvem cancelamentos, pousos técnicos para reabastecimento, no shows e atendimento de passageiros que deixaram de embarcar nas aeronaves.

Em nota divulgada na noite desta segunda-feira (28), a Abear afirma que "mais de 270 voos foram cancelados e outros alterados nos mais diversos aeroportos do país".

Ainda segundo a associação, os cancelamentos devem continuar a ocorrer nos próximos dias, às vésperas do feriado prolongado de Corpus Christi, que começa na quinta-feira (31).

"Apesar de a maior parte da malha aérea permanecer em operação, os cancelamentos e mudanças de horários deverão continuar a acontecer, sem previsão de normalização, por causa da não reposição ou total ausência de combustível em aeroportos menores espalhados pelo país", diz o comunicado.

O aeroporto de Brasília foi um dos mais afetados na semana passada. Nesta segunda-feira, após a chegada de 25 caminhões-tanque, a concessionária Inframerica informou que o aeroporto opera com 55% do nível de combustível, mas se mantém em estado de atenção e com abastecimento restrito.

O último boletim da Infraero, divulgado às 18h15 desta segunda, informa que dez aeroportos operados pela estatal estão sem combustível: São José dos Campos (SP), Uberlândia (MG), Campina Grande (PB), Juazeiro do Norte (CE), Aracaju (SE), Foz do Iguaçu (PR), Teresina (PI), Paulo Afonso (BA), Palmas (TO) e Pampulha (MG).

O aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, segue operando com o estoque de combustível no nível mínimo. "Até que o fornecimento de combustível seja normalizado, o plano de contingência continuará ativo", informa a concessionária BH Airport, que administra o aeroporto.

Em Porto Alegre, a previsão da concessionária Fraport é que as operações estejam garantidas até o fim da tarde desta terça-feira (29) após a chegada de quatro caminhões nesta segunda.

As companhias aéreas recomendam que o passageiro que tem voo marcado para os próximos dias verifique o status do voo nos sites das empresas. Taxas de remarcação e cancelamento não estão sendo cobradas por Avianca, Azul, Gol e Latam.

Comércio

Para os lojistas, as perdas foram ainda maiores. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas estima um prejuízo de R$ 27 bilhões no setor de comércio e serviços.​

Segundo a confederação, as perdas no setor podem levar a uma retração do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre.

O protesto dos caminhoneiros, que completa oito dias, interrompeu parcialmente o fornecimento de combustível e outros bens (como alimentos e medicamentos) e afeta comércio e serviços em várias cidades brasileiras.

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