Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Com voos cancelados por falta de combustível, passageiros se dividem entre transtorno e apoio à greve

A tendência é que o número de voos cancelados aumente ao longo desta sexta-feira

Natália Cancian
Brasília

"Está todo mundo adepto à causa. Alguém tem que se lascar para as coisas melhorarem", afirmava o atleta José Eriberto Medeiros, 34, enquanto aguardava em uma longa fila à frente da área de check-in da Gol, no aeroporto de Brasília.

Por conta da falta de combustível  no aeroporto devido ao quinto dia da paralisação dos caminhoneiros, 48 voos já haviam sido cancelados até às 18h desta sexta (25) —destes, 24 partiriam de Brasília, e os demais chegariam ao aeroporto. Também foram registrados 24 atrasos.

 situação afeta voos domésticos e até internacionais. A companhia aérea American Airlines cancelou de forma preventiva o voo que vinha de Miami e que pousaria no aeroporto de Brasília às 7h35. Com isso, automaticamente, o voo AAL214 que partiria da capital às 21h55 também acabou cancelado.

Segundo a Inframérica, concessionária que administra o aeroporto, sem a entrada de novos caminhões de combustível, todas as reservas de querosene de aviação se esgotaram na manhã desta sexta. Com isso, aeronaves que pousarem no aeroporto e precisarem de combustível devem ficar em solo.

Afetados pelos cancelamentos, passageiros se dividiam entre a tentativa de administrar o transtorno e o apoio à greve contra o preço dos combustíveis. 

Com competição de ciclismo marcada em Teresina no domingo, Medeiros aguardava por informações. "É um transtorno, mas são coisas que temos que passar para tudo melhorar", dizia. 

"Eu tinha compromisso em Teresina e precisava estar lá. Apoiamos os caminhoneiros, mas os governantes é que estão pisando na bola", dizia o comerciante Claudionou Antonio de Souza, 47, enquanto esperava uma resposta da companhia sobre o voo que relocaria a maior parte dos passageiros. 

Para ele, a viagem havia começado mais cedo, assim que saiu às 4h, de Guarulhos. Acabou parando no meio do caminho. "Estão falando que vamos embarcar só amanhã à tarde, e isso talvez, se chegar combustível", conta. "Deveriam ter nos avisado", diz.

A falta de respostas também causou transtornos para a jornalista Viviana Braga, 31. "Me deram a opção de ir amanhã às 16h30, mas não tenho como esperar", relata. "Estamos pagando a conta da falta de mobilização que sempre existiu em relação a esse tipo de problema", diz, referindo-se ao preço dos combustíveis.

Segundo o diretor de operações do aeroporto de Brasília, Juan Horacion Djedjeian, a tendência é que o número de voos cancelados aumente ao longo desta sexta-feira.

"Quando começou a greve, fizemos um plano de contingenciamento para o consumo de combustível ser o menor possível. Mas a reserva acabou", afirma.

De acordo com ele, a concessionária está em contato com o governo para analisar que medidas podem ser tomadas. Até lá, ainda não há previsão de regularização do estoque. 

Ele orienta que passageiros que tiverem voos marcados busquem informações com as companhias aéreas.

Por volta das 18h, passageiros da Latam, uma das companhias que mais teve voos cancelados em Brasília, já aguardavam mais de quatro horas em uma fila em busca de assistência ou novas informações. 

Uma delas era Vânia Matos, 58, que seguia de Porto Alegre para Belo Horizonte. Com a falta de combustível, porém, não conseguiu completar a viagem no horário programado. Resultado: mais de quatro horas na fila. "E ainda não sabemos como vão resolver", disse no fim da tarde.  

Para Erivelton Viana, 42, o cancelamento não causou surpresa. Motorista e vereador, ele se preparava para voltar ao Maranhão após participar da Marcha dos Prefeitos, que ocorreu na capital. 

"Já estávamos sob o aviso de que o Brasil estava parando por falta de combustível. Está tendo incomodação, mas sou a favor da causa", afirma.

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