O pedido de ajuda do presidente Mauricio Macri ao FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou, nesta quarta-feira (9), a tensão na Câmara dos Deputados da Argentina, onde o governo já enfrenta resistência para aprovar uma reforma para aumentar impostos e cortar subsídios.
Apesar do anúncio de terça-feira (8) para “acalmar os mercados”, o dólar abriu o dia em alta, cotado a 23 pesos, mas passou a oscilar durante a sessão. A Bolsa de valores subiu 2,7% em sua abertura.
Deputados da oposição atacaram o pedido de socorro de US$ 30 bilhões, que será feito hoje pelo ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, durante visita ao fundo em Washington. Aliados do governo saíram em defesa da medida.
O deputado e ex-ministro da Economia do governo Cristina Kirchner, Axel Kicillof, disse que a medida é “um exagero e uma vergonha”. A bancada kirchnerista é a maior da Câmara.
“Nossa gestão atravessou a crise de 2008 e 2009, e muitas outras crises, e nunca tivemos de tomar uma atitude como essa. Está claro que os que estão governando não sabem o que estão fazendo”, disse Kicillof.
Por volta das 18h30, a praça diante do Congresso, em Buenos Aires, foi tomada por agrupações de movimentos sociais e de sindicatos.
O protesto era dirigido ao "tarifaço", mas também trazia cartazes fazendo referência ao pedido de ajuda que o governo Macri está fazendo ao FMI.
A deputada da Frente de Esquerda Myriam Bregman afirmou que “é necessário organizar uma resistência aos planos e requisitos que o FMI queira impor à Argentina”.
O grupo político de esquerda, que vem crescendo com o desgaste do kirchnerismo, programa um ato para no fim da tarde desta quarta no centro de Buenos Aires, com início no Congresso e término na Casa Rosada.
A deputada Elisa Carrió, uma das líderes do governo Macri, criticou a resistência da oposição.
“Para muita gente FMI significa ajuste [fiscal e cortes]. Neste caso é a única solução pragmática, mais barata, preventiva e institucional possível. Nosso bloco vai apoiar”, disse Carrió.
Ex-diretor do Banco Central argentino, o economista Martín Redrado afirmou que há exagero ao se comparar o atual pedido de ajuda ao FMI com a situação da Argentina em 2001, quando foi realizado o último socorro.
“Estamos dependendo de financiamento externo, se este não vem, apelar ao FMI é mais como uma garantia, não estamos contraindo uma dívida que não podemos pagar. Para acalmar os mercados, me parece positivo”, disse Redrado.
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