A paralisação dos caminhoneiros, que completou seis dias neste sábado (26), começa a afetar o abastecimento de alimentos de alguns restaurantes de São Paulo.
Proprietários e gerentes de estabelecimentos da cidade relatam a escassez de alguns ingredientes, como batata —cujo valor do quilo na Ceagesp subiu de R$ 1,61 para R$ 17,50 em uma semana— carne, laticínios e pescados.
A unidade de Pinheiros da sanduicheria Z Deli está sem sem servir batatas desde esta sexta (25) pela falta do tubérculo em estoque.
A previsão era que o fornecedor conseguisse entregar um carregamento até o fim da noite deste sábado, mas ele não iria ser suficiente para atender à demanda dos clientes até o fim da semana.
Na Lanchonete da Cidade, supervisores vão controlando os estoques e pegando os ingredientes que faltam de outras lojas da marca na capital.
“Como os insumos são parecidos, vamos trocando figurinha. Mas, se a greve continuar, há probabilidade de faltar batata. O produto principal, que é a carne, temos estocado em quantidade suficiente", diz Josivan Carlos da Silva, coordenador da loja de Moema.
Esse ingrediente, no entanto, já falta em alguns espaços menores, como a PoPa, lanchonete que produz cachorros-quentes artesanais. O proprietário, Alexandre Park, relata que seus fornecedores já vêm acusando pouca carne no estoque.
“Por enquanto, estou conseguindo me programar para fazer todos os pedidos antecipadamente. Agora trabalho só com o que tenho em estoque, mas a previsão de quanto tempo vou conseguir continuar é duvidosa. Eu diria que no máximo duas semanas”, diz.
Restaurantes que servem ingredientes frescos, como o italiano Più, serão obrigados a improvisar no cardápio quando o estoque de alimentos acabar. Maurício Cavalcante, sócio do espaço, afirma que a falta de queijos e peixes, que vêm do Sul, vai causar alterações nos pratos a partir do começo da semana.
“A partir de segunda ou terça existe grande possibilidade de faltar. A opção vai ser remanejar o cardápio ou, no caso do pescado, parar de servir o prato. Podemos tentar com outros fornecedores, mas, se não pudermos comprar ingredientes com a mesma qualidade, vamos tirar tudo do cardápio.”
A gerente do japonês Manihi, Bruna Grazieli, diz que os efeitos da falta de peixe também serão sentidos no restaurante a partir do começo da próxima semana. Como o ingrediente é indispensável para a composição de grande parte dos pratos do cardápio, no entanto, o restaurante talvez não tenha mais condições de funcionar a partir daí.
“Conseguimos ficar até segunda-feira, temos restaurante até segunda. Depois disso não temos condições de funcionar. Como o produto é fresco, os fornecedores não estocam”, diz.
Bruna diz que o espaço também vem recebendo bem menos clientes que o normal.
“Geralmente recebemos cerca de 200 pessoas por dia, mas ontem o movimento caiu para menos da metade. As pessoas estão preocupadas, não querem sair e ficar esbanjando porque não sabem como vai ser."
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