Restaurantes de SP começam a sofrer com falta de ingredientes

Sem produtos, estabelecimentos podem fechar as portas nos próximos dias

Pavilhão das hortaliças esvaziado na Ceagesp, em SP
Pavilhão das hortaliças esvaziado na Ceagesp, em SP - Dhiego Maia - 25.mai.18/Folhapress
Amanda Ribeiro
São Paulo

A paralisação dos caminhoneiros, que completou seis dias neste sábado (26), começa a afetar o abastecimento de alimentos de alguns restaurantes de São Paulo.

Proprietários e gerentes de estabelecimentos da cidade relatam a escassez de alguns ingredientes, como batata —cujo valor do quilo na Ceagesp subiu de R$ 1,61 para R$ 17,50 em uma semana— carne, laticínios e pescados.

A unidade de Pinheiros da sanduicheria Z Deli está sem sem servir batatas desde esta sexta (25) pela falta do tubérculo em estoque.

A previsão era que o fornecedor conseguisse entregar um carregamento até o fim da noite deste sábado, mas ele não iria ser suficiente para atender à demanda dos clientes até o fim da semana.

Na Lanchonete da Cidade, supervisores vão controlando os estoques e pegando os ingredientes que faltam de outras lojas da marca na capital.

“Como os insumos são parecidos, vamos trocando figurinha. Mas, se a greve continuar, há probabilidade de faltar batata. O produto principal, que é a carne, temos estocado em quantidade suficiente", diz Josivan Carlos da Silva, coordenador da loja de Moema.

Esse ingrediente, no entanto, já falta em alguns espaços menores, como a PoPa, lanchonete que produz cachorros-quentes artesanais. O proprietário, Alexandre Park, relata que seus fornecedores já vêm acusando pouca carne no estoque. 

“Por enquanto, estou conseguindo me programar para fazer todos os pedidos antecipadamente. Agora trabalho só com o que tenho em estoque, mas a previsão de quanto tempo vou conseguir continuar é duvidosa. Eu diria que no máximo duas semanas”, diz.

Restaurantes que servem ingredientes frescos, como o italiano Più, serão obrigados a improvisar no cardápio quando o estoque de alimentos acabar. Maurício Cavalcante, sócio do espaço, afirma que a falta de queijos e peixes, que vêm do Sul, vai causar alterações nos pratos a partir do começo da semana.

“A partir de segunda ou terça existe grande possibilidade de faltar. A opção vai ser remanejar o cardápio ou, no caso do pescado, parar de servir o prato. Podemos tentar com outros fornecedores, mas, se não pudermos comprar ingredientes com a mesma qualidade, vamos tirar tudo do cardápio.”

A gerente do japonês Manihi, Bruna Grazieli, diz que os efeitos da falta de peixe também serão sentidos no restaurante a partir do começo da próxima semana. Como o ingrediente é indispensável para a composição de grande parte dos pratos do cardápio, no entanto, o restaurante talvez não tenha mais condições de funcionar a partir daí.

“Conseguimos ficar até segunda-feira, temos restaurante até segunda. Depois disso não temos condições de funcionar. Como o produto é fresco, os fornecedores não estocam”, diz.

Bruna diz que o espaço também vem recebendo bem menos clientes que o normal. 

“Geralmente recebemos cerca de 200 pessoas por dia, mas ontem o movimento caiu para menos da metade. As pessoas estão preocupadas, não querem sair e ficar esbanjando porque não sabem como vai ser."
 

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