Bancos centrais veem pessimismo crescente com guerra comercial global

EUA definiram tarifas punitivas a vários de seus principais parceiros comerciais

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O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, durante coletiva em Riga (Letônia)
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, durante coletiva em Riga (Letônia) - Ilmars Znotins/AFP
Sintra (Portugal)

A guerra comercial em andamento entre as maiores economias do mundo está pesando sobre a confiança empresarial e pode forçar os bancos centrais a reduzir suas perspectivas, disseram nesta quarta-feira as mais poderosas autoridades de bancos centrais mundiais.

Depois de impor tarifas punitivas a vários de seus principais parceiros comerciais, os Estados Unidos ameaçaram a China com mais impostos sobre US$ 200 bilhões em bens, intensificando um conflito que já provocou medidas retaliatórias de quase todos os cantos do mundo.

Sentados lado a lado em uma cidade portuguesa, os chefes do Federal Reserve (banco central dos EUA), do Banco Central Europeu, do Banco do Japão e do banco central da Austrália assumiram uma visão sombria sobre o conflito, argumentando que as consequências já são evidentes.

"Mudanças na política comercial podem nos levar a questionar as perspectivas", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em alguns de seus comentários mais fortes sobre o assunto.

"Pela primeira vez estamos ouvindo (de líderes empresariais) sobre a decisão de adiar investimentos, adiar contratações, adiar a tomada de decisões", disse ele.

Os EUA podem ser vítimas de suas próprias políticas, disseram analistas do Deutsche Bank, prevendo um impacto no crescimento e nos lucros corporativos.

"Nossa análise indica que uma nova escalada da disputa comercial para incluir US$ 200 bilhões em importações poderia reduzir o crescimento do PIB real em 0,2 a 0,3 ponto percentual", disse o Deutsche, acrescentando que isso poderia reduzir o crescimento dos lucros das empresas do S&P 500 em 1% a 1,5%.

A guerra comercial acontece em um momento especialmente sensível para os bancos centrais, em que eles tentam deixar para trás medidas não convencionais da época da crise e construir proteções para qualquer contração potencial ao final do atual ciclo econômico.

Apesar de não criticar diretamente a administração, as declarações de Powell a uma conferência europeia indicam que o Fed já está contemplando como moldar sua própria política em meio a crescentes tensões globais que poderiam reduzir a expansão econômica, agora em seu décimo ano.

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