Bolsa sobe mais de 2% após resultado da Petrobras e anúncio de vice de Alckmin

Dólar cai 1,33% e retorna para patamar de R$ 3,70

Painel com números do mercado financeiro na sede da B3, no centro de São Paulo
Painel com números do mercado financeiro na sede da B3, no centro de São Paulo - Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress
Anaïs Fernandes
São Paulo

A Bolsa brasileira retornou ao patamar de 80 mil pontos nesta sexta-feira (3), impulsionada pelo resultado financeiro da Petrobras e definições no cenário eleitoral.

O dólar caiu com força (-1,33%) ante o real, para R$ 3,708, com ajuda adicional de dados mais fracos na economia americana. Na semana, recuou 0,27%.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, subiu 2,27%, para 81.44,47 pontos. Em sete dias, a alta é de 1,97%.

As ações da Petrobras chegaram a avançar mais de 4% no dia e fecharam com alta de 3,52% (ordinária) e 3,62% (preferenciais).

Mais cedo, a petroleira reportou lucro de R$ 10,1 bilhões no segundo trimestre, o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2011. 

O presidente da estatal, Ivan Monteiro, classificou o resultado como "robusto" e defendeu que "uma Petrobras saudável" contribui com o pagamento de impostos, geração de empregos e investimentos.

Com o resultado, a Petrobras decidiu pagar R$ 652,2 milhões em dividendos a seus acionistas, o equivalente a R$ 0,05 por ação. No primeiro trimestre, a empresa já havia distribuído o mesmo valor. 

A petroleira informou ainda que acumulou no segundo trimestre um saldo de R$ 590 milhões a receber do governo pela concessão de subsídios ao preço do óleo diesel, negociada para pôr fim à paralisação de caminhoneiros de maio. Apesar do atraso nos pagamentos, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, diz não ver risco de calote.

Em relatório, o banco suíço UBS considerou o resultado bom, apesar das preocupações em relação a um trimestre desafiador, marcado pela paralisação de caminhoneiros, saída de Pedro Parente da presidência da companhia e a implementação do programa de subsídios. 

O banco vê como riscos ao desempenho dos papéis da petroleira o preço das commodities e da gasolina e no diesel na refinaria, perspectivas políticas e econômicas do país, mudanças na legislação de energia do Brasil, entre outros.

DÓLAR

No câmbio, o dólar ganha ajuda extra para cair ante o real, conforme dados de criação de vagas nos EUA em julho desapontam, reforçando o gradualismo no aumento de juros no país.

Taxas de juros mais altas na maior economia do mundo tendem a atrair para o país fluxo de capital até então alocado em outros países, como o Brasil, desencadeando uma valorização da divisa americana.

Segundo o Departamento de Trabalho americano, o crescimento do número de vagas de emprego nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em julho, devido a dificuldades das empresas em encontrar trabalhadores qualificados, enquanto a taxa de desemprego diminuiu, indicando um aperto das condições no mercado de trabalho.

A atividade de serviços nos EUA também veio mais baixa do que as projeções, com 55,7 em julho e estimativa de 58,6.

Com a cena local favorecendo o alívio no câmbio, o real era a moeda que mais se valorizava ante o dólar entre as 31 principais divisas globais.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) em seminário em Brasília
A senadora Ana Amélia (PP-RS) em seminário em Brasília - Keiny Andrade/Folhapress - mar.2018

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, confirmou nesta quinta (2) o nome da senadora gaúcha Ana Amélia como vice. Agentes do mercado avaliam que a medida fortalece o tucano, nome visto por investidores como mais favorável às reformas que aguardam.

"A escolha parece ser bem positiva por puxar votos das mulheres e atrapalhar Bolsonaro no Sul", escreveu a Guide Investimentos em seu relatório. "A escolha [...] também visa rebater o discurso de que o apoio do centrão tem viés fisiológico. O tucano virou alvo dos adversários com essa aliança, que deu para ele o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio, mas também o ligou à base do governo Temer e reforçou sua posição de candidato do establishment político."

Apesar da queda no dólar, Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, recomenda calma e ceticismo. "Estamos à beira de uma campanha eleitoral em que o índice de rejeição de todos os possíveis candidatos é altíssimo. Assim, não acredito na manutenção dessa tendência de valorização do real."

"Olhando retroativamente, o cenário atual parece muito mais tranquilo do que há um mês atrás. Os dados econômicos mostram que parte do prejuízo causado pela greve dos caminhoneiros já está sendo revertida e o cenário das eleições parece mais pró-mercado [...] Entretanto, como observamos acima, o crescimento para o ano já está prejudicado e as incertezas ligadas às eleições ainda são grandes, garantia de ainda muita volatilidade no curto prazo ", avalia o banco ABC Brasil em comentário.

Com Reuters

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