Descrição de chapéu 10 anos da crise global

Dez anos após a crise, confiança na economia cresce junto a pessimismo com futuro, mostra pesquisa

Levantamento foi realizado em 27 países, que respondem por quase dois terços do PIB global

Nova York

Uma década após a pior crise deste século, a confiança na economia mostra sinais de recuperação, mas o pessimismo com o futuro financeiro da geração mais nova ainda é grande, segundo pesquisa do centro Pew Research Center publicada nesta terça-feira (18).

O levantamento foi realizado com 30.133 pessoas em 27 países entre 14 de maio e 12 de agosto. Essas nações respondem por quase dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) global.

No geral, a Alemanha foi o país onde a mudança no humor foi mais expressiva. Em 2009, somente 28% dos alemães diziam que a economia ia bem. Neste ano, 78% acham o mesmo. 

Apesar da melhora, quando se compara com 2017, houve uma leve queda: 86% avaliavam as condições econômicas como boas no ano passado.

Nos EUA, o sentimento também melhorou consideravelmente: 65% veem a economia indo bem neste ano, ante 17% em 2009. 

Em cinco países europeus analisados regularmente desde 2002, uma mediana de 46% vê a economia bem, comparada com 15% em 2013. E 44% dos japoneses avaliam a situação do país como boa, ante 7% em 2012.

Mas alguns países estão mais pessimistas. É o caso da Itália, onde a confiança na economia está em 15%, sete pontos percentuais a menos que em 2009. Ou da Argentina, em que 17% consideram a situação econômica boa, contra 20% no auge da crise.

O país vizinho é um exemplo de como os emergentes estão mais pessimistas em comparação com as economias mais desenvolvidas. 

Na Índia, 56% dos entrevistados veem a situação econômica como boa, ante 83% em 2017. Na Tunísia, só 8% acham que o país vai bem --eram 19% no ano passado.

No Brasil, a confiança na economia piorou em relação a 2017: só 9% acham que a situação está boa, ante 15% no ano passado. Os três emergentes não possuem dados de 2009.

Os brasileiros também são pessimistas em relação ao futuro dos filhos: para 53%, eles estarão piores que os pais no futuro, contra 42% que pensam o contrário. O humor se assemelha ao dos sul-africanos (54% contra 40%).

Uma mediana de 56% em 18 países espera que as crianças estejam em pior situação financeira que os pais no futuro. Só 34% acham que elas estarão melhores.

O pessimismo é maior na França, onde oito em dez entrevistados veem um futuro financeiro pior para os filhos. Para 15%, a expectativa é positiva. 

Na Polônia, o inverso: 59% acham que as crianças estarão financeiramente melhores, contra 25% que acreditam no contrário. O otimismo tem relação com o aumento da renda, afirma o Pew: o crescimento foi de 165% desde 1990.

Nos emergentes, o pessimismo é maior na Tunísia, com 64% vendo um futuro pior para as gerações mais novas. Já a Indonésia é o país mais otimista: três em quatro acham que os filhos estarão melhores que os pais.

Entre os emergentes, só Filipinas, Indonésia e Índia consideram as condições econômicas boas e conseguem antever um futuro melhor para os filhos.

Para quatro em dez brasileiros (43%), a situação financeira da população média está pior do que há 20 anos. Já 22% consideram que está igual, e 34% acham que a vida melhorou. 

Nesse sentido, o brasileiro tem comportamento parecido com os húngaros, com 44% vendo condições piores e 33%, melhores; e americanos (45% enxergam piora e 32%, melhora).

Nos países desenvolvidos, o pessimismo é maior na Grécia: quase nove em dez qualificam a situação financeira como pior que 20 anos atrás. A Polônia está na ponta contrária: quase sete em dez veem as condições melhores que há duas décadas.

Entre os emergentes, essa oposição se dá entre Tunísia e Índia. Para 75% dos tunisianos, as coisas estão piores que há 20 anos. Para 65% dos indianos, estão melhores.

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