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Bolsonaro tem que dar medalha a investidor chinês, diz presidente de câmara comercial

China, criticada pelo presidenciável, colocou no Brasil US$ 23,9 bi desde 2016

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São Paulo

Após investir ao menos US$ 23,9 bilhões (R$ 88,12 bilhões) no Brasil desde 2016, as companhias chinesas estão receosas com o discurso nacionalista de Jair Bolsonaro (PSL), candidato à presidência que lidera as pesquisas eleitorais.

Nas últimas semanas, ele criticou o boom de investimentos chineses no país. 

“A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês?”, disse Bolsonaro, em uma entrevista à TV Bandeirantes.

Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China
Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China - Marcus Leoni/Folhapress

Para desmistificar a imagem de país comunista, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, quer levar o candidato, caso eleito, para uma viagem, na qual verá que, na China, “a única coisa que sobrou de comunismo é o nome do partido”, diz ele.

Tang também diz que os investimentos chineses ajudam o Brasil a se recuperar de sua crise econômica e que, caso Bolsonaro chegue ao poder, verá que, na verdade, ele “tem que dar uma medalha para os chineses”. 

 

Como enxerga as declarações do Bolsonaro que revelam uma desconfiança em relação às empresas chinesas? 

Se o Bolsonaro assumir como presidente do Brasil ele vai entender que a participação chinesa na economia brasileira é altamente benéfica para o Brasil e e de alto risco para a China. A China está investindo capital de risco em uma economia em crise, em um país pouco amigável a negócios. Com legislações trabalhistas, fiscais extremamente não amigáveis. 

A resistência aos chineses então é ideológica? 

Eu gostaria de organizar uma viagem do presidente Bolsonaro, se assumir, para mostrar que China é um dos países mais capitalistas do mundo. A única coisa que sobrou de comunismo é o nome do partido que controla o governo. Se ele entender isso, vai entender que tem que dar uma medalha para os chineses, que estão ajudando muito o Brasil.

As empresas, que investiram bilhões no país ao longo dos últimos anos, estão com receio?

Lógico que as empresas chineses têm certo receio, tanto é que investimentos recentemente diminuíram, porque estão esperando para ver. 

Chegaram a fazer contato com a equipe dele?

Sim, estou conversando com pessoas. Tem sido um diálogo positivo. Não posso divulgar [mais informações]. 

O professor Paulo Guedes [anunciado como ministro da Economia de um eventual governo Bolsonaro], é um economista de mão cheia. Acredito que ele entende que papel da China é benéfico para país. 

E a ala militar, a ala mais nacionalista?

Eu não tenho medo dos militares. Acho que como qualquer pessoa, tem militares bons, outros não tão bons, tem militares inteligentes e militares não tão inteligentes. 

Inclusive, quem reatou relações entre Brasil e China, em 1974, foi o governo do ex-presidente [Ernesto] Geisel [que governou o país entre 1974 e 1979]. 

Mas então de onde vêm essas declarações do Bolsonaro? 

Tem muitos militares com o anticomunismo na cabeça e não entenderam que a China mudou. Acho que esse é o principal fator.
 

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