Brasileira Stone espera atrair Buffett em oferta de R$ 4 bi em ações nos EUA

Tanto a Stone quanto alguns dos acionistas, venderão parte de suas ações na oferta

São Paulo | Reuters

A operadora brasileira de meios de pagamento Stone entrou nesta terça-feira (16) com um pedido de oferta pública inicial de ações (IPO, na siga em inglês) na bolsa americana Nasdaq, em uma operação que pode levantar até US$ 1,1 bilhão (R$ 4,08 bilhões) e atrair o conglomerado do investidor bilionário Warren Buffett, a Berkshire Hathaway.

A Berkshire Hathaway e alguns dos atuais acionistas da Stone manifestaram interesse de comprar até quase metade das 47,7 milhões de ações que serão oferecidas no IPO, segundo o prospecto da operação.
Os coordenadores do IPO definiram os preços da operação entre US$ 21 (R$ 77,85) e US$ 23 (R$ 85,27), o que pode permitir à Stone atingir um valor de mercado de até US$ 6,2 bilhões (R$ 23 bilhões) em sua estreia na Nasdaq.

Outros acionistas da Stone incluem a empresa de investimentos dos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, a 3G Capital, que já fez parceria com a Berkshire Hathaway na compra do controle da gigante americana de alimentos Kraft Heinz.

André Street, fundador da Stone Pagamentos
André Street, fundador da Stone Pagamentos - Patrick T. Fallon/Bloomberg

Individualmente, a Berkshire Hathaway poderá comprar até 13,7 milhões de ações no IPO, ampliando a carteira de Buffett em companhias de meios de pagamento, que inclui ações American Express.

Em agosto, Buffett também revelou participação na emissora de cartões de crédito Synchrony Financial.
A Madrone Capital Partners, uma empresa americana de investimentos que administra parte da fortuna da família Walton, fundadora do Walmart, e outros atuais acionistas também poderão comprar outras 9,5 milhões de ações na oferta, segundo o prospecto.

O envolvimento de grandes investidores internacionais sinaliza o potencial de crescimento do mercado de meios de pagamento no Brasil, onde dois terços do consumo das famílias são pagos ainda em dinheiro. Em 2017, os pagamentos com cartões totalizaram R$ 1,36 trilhão, segundo a entidade que representa o setor, Abecs.

Tanto a Stone quanto alguns de seus acionistas, incluindo os fundadores André Street e Eduardo Pontes, venderão uma pequena porção de suas ações na oferta.

O IPO prevê levantar US$ 950 milhões (R$ 3,53 bilhões) para a Stone, recursos que poderão ser usados para compra de empresas ou investimento em produtos e tecnologias complementares. Os acionistas receberão o restante vinculado à oferta secundária da operação.

A Stone tem pouco mais de 200 mil clientes ativos e teve lucro líquido de R$ 87,7 milhões no primeiro semestre deste ano. A receita total somou R$ 636 milhões. Fundada em 2012, tem crescido em um mercado que já foi marcado pelo duopólio formado por Cielo, de Banco do Brasil e Bradesco; e Rede, controlada pelo Itaú Unibanco.

Após mudanças na regulação do setor, ambas as empresas perderam exclusividade no processamento de cartões com as bandeiras Visa e MasterCard no Brasil e começaram a perder mercado para novos competidores.

A PagSeguro –sistema de pagamento do UOL, empresa do Grupo Folha–, que listou ações na bolsa de Nova York em janeiro, é outra entrante no mercado de meios de pagamento do Brasil. No IPO, a oferta levantou pelo menos US$ 2,3 bilhões (R$ 7,3 bilhões, na cotação do dia, 24 de janeiro). Foi a maior realizada por um grupo estrangeiro em Wall Street desde o gigante chinês do comércio online Alibaba, que levantou US$ 25 bilhões (cerca de R$ 79 bilhões) em 2014.

O IPO da Stone é coordenado por Goldman Sachs, J.P. Morgan, Citigroup, Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch e BTG Pactual.

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