Dólar fecha outubro com maior queda mensal desde junho de 2016

Bolsa brasileira tem alta de cerca de 10% no acumulado de outubro

São Paulo

O dólar caiu mais de 8% em outubro, maior queda percentual ante o real desde junho de 2016, reflexo da euforia de investidores com o desenrolar da corrida eleitoral, que deu a vitória a Jair Bolsonaro (PSL). A Bolsa brasileira subiu quase 10% no mês.

"O mercado comprou a tese de um governo eleito capaz de tocar as reformas liberais e fiscais, necessárias à estabilização da dívida pública e à retomada do crescimento de forma mais vigorosa. A retórica pós-eleição sugeriu dedicação à austeridade fiscal, privatizações, independência do Banco Central, atenção especial à atividade empreendedora e eficiência tributária. Para um mercado disposto a acreditar, foi suficiente", diz Felipe Miranda, economista e estrategista-chefe da Empiricus.

A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,51%, a R$ 3,7110. No mês, a desvalorização é de 8,10%.

Logo após a vitória de Bolsonaro, o mercado financeiro chegou a projetar que a moeda americana caminharia para abaixo de R$ 3,60, o que não se confirmou. Na segunda-feira, o dólar chegou a ser negociado a R$ 3,58, mas a mínima foi mantida por pouco tempo.

"A moeda deve continuar oscilando ao redor dos R$ 3,70 muito provavelmente até o 1º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada", avaliou o diretor da NGO Corretora Sidnei Nehme.

"Para o dólar cair mais daqui para a frente, é preciso algo mais concreto, notícias de medidas", diz o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, para quem o término das eleições voltou a aproximar o exterior do mercado local.

Desde terça-feira, futuros ministros do presidente eleito têm anunciado algumas das medidas econômicas, como a fusão de ministérios. Na terça, foi confirmado o superministério da Economia (fusão de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior), que dará superpoderes a Paulo Guedes. Outras junções foram anunciadas nesta quarta.

Nesta quarta, a Bolsa brasileira subiu 0,61%, a 87.423 pontos, e acumula ganho mensal de cerca de 10%. O desempenho do mercado local foi descolado do cenário externo durante boa parte do mês de outubro. O índice americano S&P 500, com queda acumulada de 6,94%, teve o pior desempenho mensal desde 2011.

"A ausência de novidades relevantes sobre os próximos passos do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro e alguns balanços corporativos abaixo do esperado abriram espaço para investidores embolsarem lucros após fortes ganhos no mês", avaliou o analista Vitor Suzaki, da corretora Lerosa Investimentos.

Com Reuters

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