Aumentar n° de voos em Congonhas pode elevar competição, diz especialista

Para Guilherme Amaral, medida pode reduzir os preços das passagens aéreas

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São Paulo

A elevação do número de slots em Congonhas pode aumentar a conectividade do aeroporto e reduzir os preços dos bilhetes à medida que faz crescer também a oferta de passagens, segundo Guilherme Amaral, sócio do escritório ASBZ e especialista em direito aeronáutico.

A mudança, no entanto, pode fazer com que as companhias retirem voos de outros aeroportos para transferirem para Congonhas, prejudicando passageiros em outros destinos, avalia o advogado. 

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Movimentação de aviões na pista do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo - Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Como funciona hoje a operação de Congonhas? 

Congonhas opera já há algum tempo com um intervalo maior. 

Desde o acidente, o aeroporto diminuiu o volume de voos, ou seja, deixou as janelas de slots com menos movimento. Entre um avião e outro há mais tempo, o que garante um pouco mais de segurança: a torre trabalha com menos aviões, a pista fica menos afogada e, no caso de atrasos, tem menos efeito cascata. 

Como o sr. avalia uma mudança desse tipo?

A tendência é que isso seja visto como um sinal de que a navegação aérea está funcionando muito bem, assim como a infraestrutura do aeroporto, que está tudo tão ótimo que é possível reduzir o intervalo entre os aviões.

Isso significa que mais um número significativo de voos pode ser marcado para o aeroporto de Congonhas.

Haverá vozes contrárias, preocupadas com segurança?

Deve haver barulho da associação de moradores de Moema, reclamando. Deve haver movimento do entorno porque isso aumenta muito a perturbação, mas deve haver também um movimento positivo das companhias aéreas.

Isso abre espaço para novos competidores. Empresas como Azul e Avianca poderiam conseguir mais espaço. O discurso de defesa do consumidor e da competição é positivo, e o discurso de defesa da segurança e do conforto de quem está no entorno de Congonhas, em geral, é contra.

E o aeroporto aguenta?

É um questionamento válido, porque uma coisa é a pista aguentar. Outra é o terminal aguentar. Não conheço a proposta, mas imagino que um aumento de passageiros daria uma bagunçada naquele saguão. Tem a questão do impacto sobre o trânsito no entorno.

Pode haver queda no preço das passagens?

Com mais oferta e mais competição, cai o preço. Outro ponto positivo é mais conectividade. Se eu tenho hoje limitação de espaço em Congonhas, vou colocar um voo para Santos Dumont, que enche, e a ponte aérea dá dinheiro. Mas, se aumentam as possibilidades de slots, posso pensar em colocar mais voos para Chapecó ou São José dos Campos, por exemplo. Slot em Congonhas é um item supervalioso.

Isso pode canibalizar Guarulhos? As companhias podem tirar voos de lá e passar para Congonhas, porque nesse aeroporto elas podem cobrar mais pelas passagens?

É possível. Hoje há uma divisão mais ou menos clara do que sai de Guarulhos ou Congonhas. Até porque, para uma companhia aérea colocar um voo em Congonhas, ela tem de tirar de algum lugar, porque não tem avião na gaveta.

Na hora de remanejar essas rotas, é possível que esses aviões sejam deslocados não só de Guarulhos como de alguma outra localidade para atender Congonhas. 

Isso vai favorecer a Infraero porque eleva as receitas tarifárias e não tarifárias?

Em tese, sim. O que a gente precisa entender é: tem espaço para tanta gente a mais voar de Congonhas? Tem gente que queria voar de Congonhas e não está voando porque está faltando slot? Há companhia querendo operar esses slots e passageiro querendo voos que hoje não existem ainda?
 

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