Dólar cai para R$ 3,78, e Bolsa sobe com Petrobras e JBS

Preços do petróleo e perspectivas sobre cessão onerosa impulsionaram petroleira

São Paulo

Após uma esticada no último pregão, o dólar fechou em baixa ante o real nesta quarta-feira (14), em movimento de correção amplificado pela recuperação mais generalizada de moedas emergentes.

O dólar comercial caiu 1,25%, cotado a R$ 3,784. Na véspera, fechou a R$ 3,832, patamar considerado exagerado por alguns operadores.

No exterior, 18 das 31 principais divisas do mundo se valorizaram em relação ao dólar, influenciadas por dados americanos que mostraram uma inflação em linha com a expectativa do mercado para outubro.

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu 0,3% no mês passado. O resultado aliviou preocupações sobre um aperto monetário mais rápido por parte do banco central dos Estados Unidos, o que tende a retirar recursos de países emergentes e fortalecer o dólar globalmente.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, viveu um dia de oscilações, mas acabou fechando em alta, na contramão dos mercados internacionais, graças à disparada da JBS e conforme a Petrobras se sustentou no campo positivo.

O indicador subiu 1,25%, a 85.973,06 pontos. O volume financeiro somou R$ 19,6 bilhões, em sessão  marcada também pelo vencimento dos contratos de opções do Ibovespa. 

Os papéis da Petrobras avançaram 3,55% (preferenciais) e 1,84% (ordinários), com os preços do petróleo avançando quase 1%, após um tombo de cerca de 7% na véspera.

A Petrobras foi beneficiada ainda pela sinalização do presidente do Senado, Eunício Oliveira, de que o projeto de lei que trata do contrato da cessão onerosa, que deve viabilizar um mega leilão de petróleo excedente na área no pré-sal, pode ser votado na Casa na próxima semana.

"De qualquer forma, mantemos a perspectiva mais cautelosa no curtíssimo prazo. Nem o exterior, nem o cenário doméstico, parecem contribuir para uma melhora significativa, por enquanto", disse a Guide Investimentos em relatório.

Já a JBS disparou 16%, com os papéis a R$ 11,40, encerrando na maior cotação de fechamento desde março de 2017, antes do escândalo de corrupção gerado pela delação de executivos da empresa.

O salto neste pregão ocorreu após a maior processadora de carnes do mundo divulgar resultado acima das expectativas para o terceiro trimestre, com um prejuízo de R$ 133,5 milhões. A companhia também reafirmou o plano de realizar o IPO da unidade dos EUA.

A Vale, que tem grande peso no Ibovespa, fez pressão negativa ao cair 1,97%, acompanhando pares na Europa que sofreram com preocupações sobre desaquecimento da demanda da China, maior consumidor de metais do mundo.

Apesar da alta do Ibovespa, o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, vê o índice ainda pressionado pela saída de estrangeiros de posições de risco no mundo, buscando ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA e o dólar, por preocupações com o processo de alta dos juros americanos e desaceleração global, entre outros fatores.

A economia da Alemanha, por exemplo, contraiu pela primeira vez desde 2015 no terceiro trimestre, levantando receios de que a expansão de uma década está fraquejando. O PIB (Produto Interno Bruto) da potência europeia contraiu 0,2% em relação ao trimestre anterior.

A economia do Japão também encolheu mais do que o esperado no período: uma contração anualizada de 1,2% entre julho e setembro.

As maiores bolsas globais voltaram a cair nesta quarta. O Dow Jones, principal índice de Nova York, perdeu 0,81%, enquanto o S&P 500 cedeu 0,76%. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,90%.

Em paralelo ao cenário externo, Chinchila acrescenta que indefinições sobre assuntos importantes no processo de transição do governo, como a reforma da Previdência e questões fiscais de uma forma geral, têm gerado ruídos no mercado, que também segue atento à composição do primeiro escalão da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro.

"A equipe de transição segue apresentando alguns ruídos nas negociações políticas e precisando de uma interlocução segura e confiável com o mercado financeiro", avalia.

Com Reuters

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