Sociedade transfere R$ 19 bi em incentivos só ao setor automotivo, diz Ipea

Tarifas de importação para carnes, alimentos, vestuário e bebidas custam quase R$ 46 bilhões

Flavia Lima
São Paulo

O setor que mais pesou no bolso de consumidores e empresas foi o automotivo: R$ 18,7 bilhões foram transferidos pela sociedade ao setor de automóveis, caminhões e ônibus em 2015 por meio de tarifas de importação adotadas no país.

Estudo divulgado nesta terça-feira (13) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estimou quanto a sociedade transfere aos diversos setores da economia para protegê-los da concorrência externa. São os custos e benefícios da proteção tarifária no Brasil.

Essa proteção se dá na forma de preços mais elevados do que os preços vigentes no mercado internacional. 

A lógica por trás disso é que as tarifas de importação protegem os produtores instalados no país da concorrência externa, abrindo espaço para que eles cobrem a mais no mercado doméstico.

Além do automotivo, os cinco setores que mais receberam benefícios na forma de tarifa de importação em 2015 foram os de carne, laticínio e pesca (R$ 13,9 bilhões); outros produtos alimentares (R$ 13,4 bilhões); vestuário e acessórios (R$ 10,4 bilhões) e bebidas (R$ 7,9 bilhões). 

Paulo Guedes, futuro ministro da Economia do presidente eleito, Jair Bolsonaro, já defendeu a abertura comercial no Brasil, mas disse que ela deverá ser gradual para não prejudicar a indústria brasileira. 

Na opinião de Guedes, a indústria está entrincheirada, tentando se proteger da competição externa com a ajuda de incentivos tributários e subsídios.

No estudo, os pesquisadores do Ipea buscaram estimar quanto os setores produtivos receberam de benefício em razão das tarifas de importação aplicadas sobre seus produtos, descontando-se o efeito negativo dos impostos que incidem sobre seus insumos. 

Na outra ponta, porém, há setores que, seguindo a mesma lógica, foram penalizados no período. 

Entre eles, o setor de refino de petróleo e extração de petróleo e gás, com desincentivos de, respectivamente, R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão; de extração de minério de ferro (R$ 367 milhões) e minério de metálicos não ferrosos (R$ 15 milhões).

O estudo analisou 67 atividades econômicas e 217 produtos.

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