Surto de peste suína deve limitar importações de soja pela China

Febre e grandes estoques de soja estão reduzindo o apetite dos chineses por grãos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

As importações chinesas de soja devem cair à medida que um surto de peste suína africana atinge seu enorme rebanho de suínos e afeta a demanda pelo ingrediente para ração animal, tornando mais fácil para os compradores evitarem as cargas americanas em meio à guerra comercial sino-americana.

A peste suína africana, mortal para porcos, mas não nociva para as pessoas, espalhou-se rapidamente pela China, com mais de 70 casos registrados em fazendas desde o início de agosto.

Colheita da soja na fazenda Lagoa Santa em Guaíra, em São Paulo
Colheita da soja na fazenda Lagoa Santa em Guaíra, em São Paulo - Ricardo Benichio/Folhapress

Isso e os já grandes estoques de soja estão reduzindo o apetite por grãos no que é de longe o maior importador mundial da commodity, disseram traders e analistas, o que significa que os compradores provavelmente não precisarão retomar a importação de produtos agrícolas americanos tão cedo.

"Se não fosse pela peste suína, a China teria enfrentado uma escassez de grãos no início do ano que vem", disse um executivo de uma empresa de comércio internacional em Pequim.

"Agora, parece que os processadores de soja poderão ficar sem a oleaginosa dos EUA", acrescentou, recusando-se a ser identificado por não estar autorizado a falar com a mídia.

Washington e Pequim estão presos em uma guerra comercial, com a soja sendo uma das commodities no centro do conflito.

Depois de impor tarifas retaliatórias sobre as importações de soja dos EUA, a China vem tomando principalmente soja brasileira, ameaçando deixar uma colheita abundante dos EUA empilhada em armazéns ou apodrecendo nos campos.

Mas, como a demanda chinesa por soja desacelera, os prêmios de preços brasileiros também estão sofrendo, caindo para US$ 0,85 (R$ 3,28) por bushel em relação ao contrato para janeiro na Bolsa de Chicago, ante um pico US$ 2,75 (R$ 10,6) em outubro.

"A China não compra grãos americanos há meses e agora a demanda por soja brasileira também caiu significativamente", disse um trader de Cingapura em uma empresa internacional que possui instalações de processamento de sementes oleaginosas na China.

Grandes estoques domésticos também estão desempenhando um papel importante no apetite pela soja.

Os estoques de soja da China estão em 7,45 milhões de toneladas, o maior para esta época do ano em uma década.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.