Morreu nesta quinta-feira (28) o empresário Ueze Zahran, 94, fundador da distribuidora de gás Copagaz e da TV Morena.
Nascido em Bela Vista (MS), era filho de libaneses que viviam do comércio. Zahran fundou a Copagaz em 1955.
A vida profissional do empresário começou quando ele passou a trabalhar no bar de seu pai, em Campo Grande.
Uma das primeiras empresas do gênero no país, a Copagaz surgiu depois de a mãe de Zahran se maravilhar com um fogão a gás numa viagem a São Paulo. A família, na época, tinha uma padaria em Campo Grande, onde a mãe do empresário cozinhava almoço para fora –num fogão a lenha.
“Ela ficou apaixonada quando viu aquela chama azul debaixo da panela. Imaginei milhões de mães felizes assim”, disse Zahran, em uma entrevista concedida em 2014 à revista Exame.
Zahran comprou um fogão e quatro botijões e, de volta a Mato Grosso, resolveu investir no setor, ainda inexplorado no estado.
Nos seus primeiros cinco anos, a Copagaz vendia 30 toneladas de gás por mês.
A expansão veio a partir da criação de uma segunda engarrafadora, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, com o objetivo de atender todo o país. Em um ano da nova operação, a companhia atingiu a marca de 800 toneladas por mês.
Hoje são mais de 600 mil toneladas vendidas por ano e a Copagaz fatura R$ 1,8 bilhão anualmente e emprega 1.700 pessoas, informa a companhia.
Em 1965, com a empresa já consolidada, Zahran fundou, junto com os irmãos, a TV Morena, atual retransmissora da Rede Globo em Mato Grosso do Sul, vencendo o poderoso Assis Chateaubriand na disputa pela concessão.
Na época, ele e a família compraram centenas de televisores para revender no estado, a fim de atender às exigências para conseguirem a concessão. Caminhões que traziam os eletrodomésticos desfilavam por Campo Grande, e os aparelhos eram revendidos na sede da Copagaz.
“Cooperem para a implantação da TV Morena o mais breve possível fazendo seus pedidos de televisores garantidos na Copagaz”, dizia um anúncio, em janeiro de 1965, no jornal Correio do Estado.
O grupo da Rede Mato-Grossense de Comunicação tem hoje sete emissoras de televisão, rádios e portais de notícias.
O empresário era conhecido por seu bom trânsito no governo federal, e interviu para que as distribuidoras de gás pudessem atuar em território nacional, e não de forma regional.
Ele dizia ter um bom relacionamento com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que conheceu quando era ministra de Minas e Energia.
Ao longo da vida, o empresário também criou outras empresas de menor porte, reunidas no Grupo Zahran, entre elas um haras (criação de cavalos árabes) e uma fábrica de botijões.
Nos anos 1990, foi criada a Fundação Zahran, que desenvolve os projetos sociais do grupo, entre eles alfabetização para adultos e cursos de informática para idosos.
Em 2012, Zahran foi tema de um desfile de Carnaval em Campo Grande, e desfilou em carro alegórico. Em 2015, foi homenageado pela ONU, por colaborar com o desenvolvimento dos objetivos do milênio.
O empresário morreu em São Paulo, onde vivia, após sofrer uma parada cardíaca. Ele será cremado na tarde desta sexta-feira (28). Deixa a mulher, Lucila Zahran, quatro filhos, seis netos e três bisnetos.
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