Nomeado por Bolsonaro para BNDES pede atenção ao impacto das mudanças no clima

'Temos que estar atentos às condições ambientais', afirma Joaquim Levy

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

Em seu primeiro discurso no BNDES após ser indicado para comandar o banco pelo presidente eleito Jairo Bolsonaro, o economista Joaquim Levy defendeu atenção a impactos das mudanças climáticas sobre a economia, tema controverso entre nomeados para o primeiro escalão do próximo governo.

Durante encerramento de seminário sobre o futuro dos bancos de desenvolvimento, Levy citou sustentabilidade e educação como prioridades, e disse que dará seguimento ao processo de reestruturação do BNDES, usando como exemplos processo semelhantes em instituições globais.

"Em particular em um país como o Brasil, que tem o setor agrícola extremamente importante, nós temos que estar atentos às condições ambientais", afirmou Levy, que deixou cargo no Banco Mundial após convite de Bolsonaro para assumir o BNDES a partir do início de 2019. 

"No Banco Mundial, a gente experimenta em muitos países o impacto de eventos climáticos extremos e como isso pode levar a uma retração do desenvolvimento, com impacto particularmente nas pessoas mais pobres", continuou ele.

Crítico do Acordo de Paris, que impõe metas para conter o aumento da temperatura do planeta, Bolsonaro pediu no fim de novembro que o governo Temer retirasse a candidatura do Brasil para sediar em 2019 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. 

Seu nomeado para o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, diz que o discurso sobre as mudanças climáticas é "dogma marxista".

"Nos países que têm a agricultura, a lavoura, como sendo um setor importante, você tem que estar atento a qualquer mudança que possa haver e com os impactos que podem haver", reforçou Levy, em seu discurso no BNDES.

O futuro presidente do banco falou por dez minutos e saiu sem dar entrevistas. No evento, parceria do BNDES com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), foram discutidos, além de clima e educação, questões como segurança jurídica e inovação.

O futuro presidente do BNDES disse que espera dar continuidade ao papel de reestruturação do banco e disse que uma das prioridades será a transparência - tema geralmente mencionado por Bolsonaro quando fala do banco, que prometeu "abrir a caixa-preta" da instituição, gerando críticas entre seus funcionários.

"O elemento de transparência vai ser cada vez mais importante", afirmou Levy. "Inclusive para dar segurança e conforto para todo o corpo técnico, que é extraordinário", completou.

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