O Tribunal Distrital de Tóquio decidiu nesta segunda-feira (31) prorrogar mais uma vez a detenção do ex-presidente do conselho da Nissan Carlos Ghosn por dez dias, até 11 de janeiro.
O juiz aceitou o pedido do promotor, que considerou necessário mais tempo para decidir se indicia Ghosn com novas acusações, disse o tribunal.
Ghosn está detido no Japão desde 19 de novembro. Sua prisão havia sido prorrogada por dez dias em 23 de dezembro e expiraria nesta terça-feira (1º).
O executivo já foi indiciado por má conduta financeira, após supostamente não declarar renda às autoridades financeiras japonesas durante cinco anos.
É acusado também de quebra de confiança e enfrenta alegações de supostamente fazer a fabricante de automóveis sacar 1,85 bilhão de ienes (US$ 16,8 milhões) em perdas com investimentos pessoais. Ghosn nega.
Procurado, o advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, não respondeu às ligações, em um dia de feriado extraoficial no Japão.
Um porta-voz da Nissan disse que a montadora não está em posição de comentar sobre o mais recente desenvolvimento do caso. Ele afirmou apenas que a investigação da empresa está em andamento e seu escopo continua a se ampliar.
Na semana passada, Greg Kelly, ex-diretor da Nissan, foi solto sob fiança enquanto aguarda julgamento.
Tanto Ghosn quanto Kelly foram presos no final de novembro acusados de supostamente subestimarem o salário de Ghosn na Nissan em um período de cinco anos a partir de 2010. Ambos negam.
O conselho da Nissan demitiu Ghosn como presidente e Kelly como diretor em novembro, embora tecnicamente os dois permaneçam membros do conselho porque só podem ser removidos pelos acionistas da empresa.
A prisão de Ghosn abalou a indústria automobilística e estreitou os laços da Nissan com a parceira francesa Renault, em que Ghosn ainda é presidente e CEO.
Ghosn atuou como CEO da Nissan por mais de uma década até 2017 e, simultaneamente, ocupou o cargo de executivo-chefe da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi até sua prisão.
As três montadoras estão ligadas por uma complicada estrutura acionária, sob a qual a Renault detém uma participação de 43,4% na Nissan, e a Nissan detém uma participação de 15% na Renault, sem direito a voto. A Nissan tem ainda uma participação de 34% na Mitsubishi Motors.
Desde a prisão de Ghosn, o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, pediu mudanças para enfraquecer a influência do acionista controlador, a Renault.
A prisão de Ghosn também colocou o sistema de justiça criminal do Japão sob escrutínio internacional e provocou críticas por algumas de suas práticas, incluindo manter suspeitos detidos por longos períodos e proibir advogados de defesa de estarem presentes durante os interrogatórios, que podem durar oito horas por dia.
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