Efromovich perde controle da Avianca por deixar de pagar United

Aérea americana repassou controle da empresa a acionista minoritário

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São Paulo

O empresário Germán Efromovich perdeu o controle e o cargo de presidente do conselho de administração da colombiana Avianca Holdings nesta sexta-feira por não ter pago um empréstimo de US$  456 milhões (cerca de R$ 1,83 bilhão) dado pela United no ano passado.

Germán Efromovich é irmão de José Efromovich, que também era membro do conselho da aérea colombiana até esta sexta (24) e ainda preside o da Avianca Brasil, que está em recuperação judicial.

O empréstimo à empresa colombiana foi feito pela United em novembro de 2018 no marco de um acordo da empresa com a BRW Aviation, holding dos Efromovich que controlava a Avianca Holdings, uma da maiores aéreas da América Latina.

O empresário German Efromovich em coletiva de imprensa da Avianca Internacional, em Bogotá - Jose Miguel Gomez - 27.jul.15/Reuters

O aporte ocorreu pouco antes do anúncio de um acordo entre United, Copa e Avianca Holdings para a criação de uma joint venture entre as empresas para o compartilhamento de operações em 19 países.

Como garantia, o BRW ofereceu o direito de voto das ações ordinárias que possui da Avianca, que correspondem a 78,15% dos papeis da aérea desse tipo. Ao todo, a holding tem 51,3% da marca.

Com o não cumprimento das obrigações da holding, a United exerceu o direito de tomar as ações de Efromovich nesta sexta-feira (24), embora a propriedade dos ativos ainda pertença a Efromovich. A companhia americana repassou, então, o direito de voto a um acionista minoritário da Avianca, a Kingsland, que assumiu o controle da empresa.

Segundo nota da Kingsland, a empresa foi nomeada pela United como terceira interessada no processo e obteve "o direito de voto das ações da BRW na Avianca Holdings. A atuação da Kingsland (...) será alinhar esforços com um novo conselho de administração de primeiro nível" para reestruturar a aérea. A empresa nomeou 11 novos conselheiros nesta sexta e retirou os irmãos Efromovich da junta diretiva.

A United emitiu um comunicado em que diz que seus acordos trabalhistas não a permitem controlar outra aérea. "Portanto, não temos nem teremos controle da Avianca", afirma.

"United e Kingsland estão dispostos a oferecer um novo financiamento à Avianca, se a marca o solicitar, de até US$ 250 milhões", afirmou a empresa no documento, divulgado em 24 de maio.

Procurada, a Avianca Holdings confirmou a saída de Efromovich da empresa.

Crises diferentes

Apesar de compartilhar o mesmo nome e de terem como acionistas os irmãos Efromovich, a Avianca colombiana e a brasileira, que está em recuperação judicial, são negócios formalmente separados.

Em recente esforço para se desvencilhar da imagem combalida da brasileira, a Avianca planeja até lançar uma campanha publicitária no Brasil, com anúncios de TV, na imprensa e em outdoors em aeroportos.

A ideia, segundo pessoas familiarizadas com a situação, é tentar mostrar que, diferentemente da irmã brasileira, que está em recuperação judicialnão paga a funcionários e acumula mais de R$ 2,7 bilhões em dívidas, a aérea seria uma empresa saudável e sem problemas operacionais.

Apesar de se manter no azul, a Avianca Holdings lucrou US$ 1,14 milhão (R$ 4,55 milhões no câmbio atual) no ano passado, 99% a menos que os US$ 82 milhões em 2017.

As ações da empresa também perderam 57% do valor de mercado no último ano. A marca tem cortado custos e eliminado rotas menos rentáveis, como as domésticas em países como o Peru. Na Colômbia, seu principal mercado, cancelou 11 rotas no início do mês.

A companhia aérea também adiou o recebimento de 35 de 100 aeronaves que compraria da Airbus e cancelou a aquisição de 17 delas. Em meio à perda de valor de mercado, o então presidente da companhia, Hernán Rincón, pediu demissão no fim de abril.

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