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Com expectativa de queda de juros, estratégia depende de perfil do investidor

Taxa Selic deve ir de 6,5% para 6,25% e, deve terminar o ano a 5,5%

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São Paulo

A expectativa do mercado é de queda na taxa de juros nesta quarta-feira (31).

Segundo o boletim Focus, a taxa Selic deve ir de 6,5% para 6,25% e, depois de sucessivos cortes, terminar o ano a 5,5%. Uma redução de 1 ponto percentual em cinco meses.

Como proteger rendimentos com uma queda de 1 ponto percentual na Selic?

Segundo especialistas, a estratégia depende de o investidor ser mais agressivo ou conservador, quais objetivos e qual o tamanho do capital disponível para investimentos.

Se a aposta é em recuperação da economia, a dica é a renda fixa pós-fixada, que varia conforme a Selic, ou a renda fixa que segue a inflação, combinada a uma taxa de juros.

Estes investimentos se beneficiam de uma economia mais aquecida, que poderia levar a um aumento na taxa de juros e na inflação.

Se o prognóstico for uma economia mais fraca, com uma queda ainda maior da taxa de juros por mais tempo, é melhor ir pela renda fixa pré-fixada.

Nessa caso, o rendimento permanece o mesmo durante todo o período de investimento, tendo como referência a Selic do momento de contratação do produto.

Caso a Selic caia mais, a pré-fixada segue a taxa Selic antiga, e seu investimento estará seguro de oscilações. Caso suba, deixa-se de ganhar dinheiro com o juro mais alto.

"Talvez a Selic volte a subir em 2021, mas não vai voltar aos parâmetros de anos atrás. O juro real deve ficar próximo a 1% ao ano, com inflação a 3,5%. E esse patamar baixo de rendimento da renda fixa vai incomodar o investidor", diz Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco.

Ele sugere Bolsa e Tesouro pré-fixado com vencimento em 2022 como os melhores investimentos no curto prazo.

Para Iglesias, uma menor taxa de juros vai elevar o valor das empresas e ações devem subir. Mas ele não recomenda o investimento em renda variável para quem é conservador.

O Tesouro para 2022 é benéfico por absorver a queda de juros e, em razão do prazo maior, tem menor incidência de IR (Imposto de Renda), em 15%.

Francisco Levy, planejador financeiro certificado (CFP) pela Planejar, não vê o momento propício para comprar ativos de riscos.

"A Bolsa já subiu bastante. Há grande risco de que, se comprar agora, o investidor faça bobagem. Esses ativos já estão valorizados", afirma.

Para montar o portfólio, que deve estar de acordo com a capacidade de acúmulo de capital, em contraposição aos gastos, levando em conta o apetite de riscos do investidor, ele recomenda uma estratégia de longo prazo.

"Querer alavancar ganhos no curto prazo é brincar de cara ou coroa, é especular", diz.

Levy lembra que, segundo o Focus, a previsão é que a Selic esteja em 7% ao ano em 2021. Fora a taxa básica de juros, é preciso estar atento à taxa de administração do fundo contratado, o que pode descompensar o retorno.

Segundo Levy, um fundo de renda fixa com Selic a 5,5% ao ano, mais taxa de administração superior a 1%, com IR de 15%, após 720 dias de aplicação, compensa menos que a poupança, que não tem imposto.

Nos fundos de investimento a longo prazo, o IR varia conforme o período aplicado, considerando a taxa de resgate. Caso o investimento se conclua em até 180 dias, a alíquota é de 22,5% do lucro. Se for em 360 dias, é de 20%. Até 720 dias, é de 17,5% e, depois desse prazo, é de 15%.

Fundos como ETFs (atrelados a índices de ações) e multimercado são boa alternativa para começar a investir em renda variável.

Os ETFs rendem conforme o desempenho de um índice da Bolsa e podem ser comprados da mesma forma que ações.

No Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e a gestora americana BlackRock oferecem ETFs que acompanham o Ibovespa.

Já os fundos multimercado misturam uma série de investimentos variáveis, como ações, commodities, ouro e câmbio e até renda fixa para obter a melhor performance. 

O investidor também pode optar por investir direto no mercado de ações, comprando papéis de companhias listadas na Bolsa. 

Nesse caso, as oscilações são mais bruscas e imprevisíveis.

"O investidor só deve comprar o que entende. Se é muito complicado e ele não sabe o que tem por trás do produto, é melhor ficar de fora", afirma William Eid, coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV. 

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