O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) anunciou nesta quinta (26) redução da expectativa de crescimento da economia em 2020, de 2,5% para 2,1%. A perspectiva de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 foi mantida em 0,8%.
Segundo o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do instituto, José Ronaldo Souza Junior, uma frustração nas expectativas de melhora da confiança e incertezas no cenário externo levaram a revisão para 2020.
"Há uma melhora na confiança, mas ela é mais lenta do que a gente esperava", afirmou. "O efeito [na economia] vai ocorrer mais ao longo de 2020."
A projeção de inflação para 2019 foi reduzida de 3,9% para 3,55%. Para 2020, se mantém em 3,9%. O Ipea prevê ritmo mais acelerado de queda de juros, que chegaria ao fim do ano em 4,75% - hoje está em 5,5% - mantendo-se nesse patamar em 2020.
Em boletins divulgados nesta quinta, economistas do instituto avaliam que a retomada da economia continua lenta e defendem novas reformas e a manutenção do teto de gastos para acelerar o crescimento.
Os indicadores de PIB de agosto, diz o Ipea, mostram sinais de enfraquecimento. “Análise do desempenho da atividade econômica confirma o ritmo lento de retomada do crescimento”, afirmou, em nota, o instituto.
Após a divulgação do PIB do segundo trimestre, que teve alta de 0,4%, a produção industrial recuou 0,3% em julho e deve permanecer estável em agosto.
O comércio varejista deve recuar 0,9% em agosto, após alta de 1% em julho, puxado pela queda de 2,2% nas vendas de automóveis.
Apenas os investimentos, que ajudaram a melhorar o PIB do segundo trimestre, mantém-se no terreno positivo, com alta de 1% em julho e destaque na construção civil e a produção de máquinas e equipamentos, "importantes para aumentar a capacidade produtiva brasileira”, afirmou o Ipea.
De acordo com o instituto, no segundo trimestre foram lançados 16.298 novos imóveis no Brasil, o melhor resultado da série histórica iniciada em janeiro de 2014.
Souza Junior disse, porém, que a desaceleração no início do terceiro trimestre pode refletir uma acomodação dos indicadores após alta no trimestre anterior.
“Pode ser um vale e a expectativa é que comecem a melhorar nos próximos meses”, disse, citando efeitos de reformas, corte nos juros e a liberação de recursos do FGTS como motivos para sustentar uma melhora.
Por isso, não houve redução das expectativas para o PIB para este ano, em relação à ultima projeção, divulgada em junho. "Crescimento de 1% é pouco em qualquer lugar. No Brasil, depois da crise que a gente teve, é menos ainda", afirmou o diretor do Ipea.
O instituto também divulgou estudo mostrando que as despesas primárias praticamente dobraram em participação no PIB entre 1991 e 2018, passando de 11% para 19,8%.
Para o instituto, a manutenção do teto de gastos do governo é fundamental para garantir a retomada sustentável do investimento.
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