O IAG (International Airlines Group), que controla a British Airways e a companhia espanhola de aviação Iberia, fechou acordo para adquirir a Air Europa por um € 1 bilhão (R$ 4,46 bilhões), como parte de seu esforço para ingressar no mercado transatlântico da América do Sul e fazer de Madri o próximo grande polo de tráfego aéreo europeu.
A aquisição atraiu críticas imediatas de Michael O’Leary, presidente-executivo da Ryanair, que disse: “Acho que é um ótimo negócio para o IAG, para [seu presidente-executivo] Willie Walsh. Creio que seja mau negócio do ponto de vista da competição”.
O IAG anunciou em comunicado à bolsa de valores na segunda-feira (4) que havia chegado a acordo para a adquirir a companhia de aviação espanhola, com pagamento em dinheiro. A Air Europa oferece voos nacionais e internacionais a 69 destinos, com uma frota de 66 aparelhos, e realiza voos longos para as Américas.
O grupo sediado em Londres está apostando que a transação ajudará a estabelecer Madri como um dos principais polos aeroportuários da Europa, capaz de concorrer com Amsterdã, Frankfurt, Heathrow (Londres) e Paris. A aquisição abriria novas rotas para o mercado da América Latina e Caribe, e daria ao IAG uma participação de 26% no mercado da Europa e América Latina, ante 19% atualmente.
Em conversa com analistas na segunda-feira, O’Leary, da Ryanair, disse que “certamente recorreremos às autoridades de competição para exigir desinvestimento competitivo, especialmente no segmento de voo curtos europeus, em algumas rotas internas espanholas e rotas curtas europeias, mas excetuado esse aspecto nós favorecemos esse tipo de consolidação".
A aquisição surge depois que o IAG se viu bloqueado em uma tentativa de abrir as asas na América do Sul, quando a Suprema Corte do Chile negou uma proposta de joint venture entre o grupo, a American Airlines e a Latam, sediada no Chile.
“O IAG precisava de um caminho para reforçar sua presença na América Latina depois que a joint venture com a Latam enfrentou problemas”, disseram analistas da corretora Bernstein.
Walsh disse que o momento da aquisição da Air Europa foi uma coincidência, ainda que tenha vindo pouco mais de um mês depois que a Delta Air Lines, dos Estados Unidos, pagou US$ 1,9 bilhão (R$ 7,6 bilhões) por uma participação de 20% na Latam.
“Foram decisões completamente independentes que por acaso chegaram mais ou menos no mesmo momento”, ele disse.
As ações da companhia cotada em Londres subiram em cerca de 2%, à sua cotação mais alta em seis meses, na abertura do mercado.
A Air Europa opera atualmente voos diários de Madri a São Paulo, da capital espanhola para Salvador três vezes por semana e para Recife duas vezes por semana. A partir de 20 de dezembro, terá a rota para Fortaleza, duas vezes por semana. De Madri, a empresa voa para mais 40 destinos.
A Air Europa se tornará parte do crescente acervo de companhias de aviação do IAG, que inclui a Aer Lingus da Irlanda, e a Vueling e Level, duas operadoras de aviação de baixo custo. Na semana passada, o grupo explicou a queda de seus lucros mencionando alta no custo de combustível e protestos trabalhistas, com a primeira greve de pilotos na história da companhia.
Financial Times, tradução de Paulo Migliacci
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