Descrição de chapéu Financial Times Fórum Econômico Mundial

Companhias aderem a esquema de prestação de contas ambiental em Davos

Indicadores devem ser adotados na contabilidade das grandes empresas a partir de 2021

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Davos e Londres | Financial Times

As quatro grandes companhias mundiais de auditoria e dezenas das maiores empresas do planeta aderiram ao esforço mais abrangente já empreendido para responder pelo impacto social e ambiental dos negócios.

Uma nova estrutura, lançada na quarta-feira (22) no Fórum Econômico Mundial de Davos, permitirá que reportem seus indicadores empresariais sobre questões como padrões de emprego e o meio ambiente, diante das metas de desenvolvimento ambiental das Nações Unidas.

Os indicadores, criados pelo Conselho Internacional de Negócios do Fórum Econômico Mundial, também devem ser adotados na contabilidade das grandes empresas a partir de 2021.

O conselho não identificou as companhias que aceitaram os padrões, mas, em uma votação anônima durante uma reunião em Davos na terça-feira (21), dois terços de seus integrantes declararam que adotariam a iniciativa imediatamente.

Hotel perto do centro de congressos durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça - Fabrice Coffrini/AFP

No entanto, uma pesquisa informal entre participantes do fórum determinou que apenas um terço deles confiava em que os indicadores seriam adotados plenamente dentro dos próximos cinco anos.

Brian Moynihan, presidente-executivo do Bank of America e coordenador da iniciativa, disse ao Financial Times que antecipava que a maioria das grandes empresas adotasse o sistema até o ano que vem, devido ao crescente escrutínio de questões ambientais, sociais e de governança pelos investidores, e à pressão da concorrência.

“A ideia é que distribuamos [a estrutura proposta] para comentários e a finalizemos nos próximos seis meses, para uso em 2021”, disse Moynihan.

“A ideia é ter uma posição compatível em toda a indústria —temos donos de ativos, gestores e operadores entre os participantes, e mesmo aqueles que ainda não aderiram estão trabalhando nisso. Obter a participação das empresas de auditoria foi crucial”.

O esforço provavelmente será recebido positivamente pelos investidores como um recurso que poderia oferecer mais clareza ao segmento ascendente do mercado de investimento que leva em conta as questões ambientais, sociais e de governança.

Larry Fink, presidente-executivo do grupo BlackRock, na semana passada identificou a necessidade de um padrão uniforme de prestação de contas ambientais, pedindo que as empresas empreguem os parâmetros estabelecidos pelo Conselho de Padrões para Contabilidade Sustentável (SASB, na sigla em inglês) e pelo Grupo de Trabalho para Prestação de Contas Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês).

Os novos indicadores do conselho de negócios terão foco em quatro setores: governança, planeta, pessoas e prosperidade. Foram inspirados por modelos existentes de prestação de contas como o SASB, Global Reporting Initiative e TCFD, e também levarão em conta a nova taxonomia da União Europeia, que define instrumentos verdes.

As companhias prestarão contas sobre sua ética empresarial, sustentabilidade e sobre como tratam seus trabalhadores.

“[Os indicadores] determinarão as coisas que esperamos ver nos anúncios de resultados financeiros’, disse Sharon Thorne, presidente mundial da Deloitte.

A prestação de contas não estará limitada a fatores que sejam considerados financeiramente relevantes.
“Isso é importante porque impactos que sejam financeiramente relevantes para as empresas, embora importantes, contam só metade da história”, disse Tim Morin, presidente-executivo da Global Reporting Initiative. “As empresas precisam levar em conta todas as partes interessadas [‘stakeholders’] e não só seus acionistas”.

Tradução de Paulo Migliacci

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