Mercado interno segura alta de 2,3% na produção de veículos em 2019, diz Anfavea

Com crise argentina, exportações brasileiras recuaram 31,9% no período

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São Paulo

O mercado interno brasileiro segurou a alta de 2,3% da produção de veículos no país em 2019, segundo dados da Anfavea (associação das montadoras) divulgados nesta terça-feira (7). 

Enquanto a crise argentina amargou as exportações, que recuaram 31,9% no ano passado, o emplacamento de automóveis no Brasil apresentou alta de 8,6%.

Com isso, nos 12 meses do ano passado foram produzidos 2,9 milhões de veículos, segundo a entidade. 

Ainda que tenha fechado no azul no acumulado do ano, a produção de 170,5 mil no último mês de 2019 recuou tanto em relação a novembro do mesmo ano, queda de 25%, quando na comparação com dezembro de 2018, retração de 3,9%.

Vista aérea de carros do pátio da montadora alemã Volkswagen, em São José dos Campos, em São Paulo - Roosevelt Cassio - 7.jan.15/Reuters

"Dezembro é sempre um mês menor de produção, porque há férias coletivas", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

Impactadas em maior parte pela crise na Argentina, as vendas externas do ano passado despencaram. Enquanto entre janeiro de dezembro do ano passado foram vendidos 428,2 mil automóveis para outros países, nos 12 meses anteriores, as vendas chegaram a 629,2 mil.

"Os motivos são os mesmos: o impacto da Argentina. Embora tenha trocado o governo, eles ainda estão divulgando as medidas, então não têm nada que possa melhorar o cenário por enquanto", afirmou Moraes.

O movimento do mercado interno forte em contraponto à fraqueza externa ficou bastante nítida no segmento de caminhões. As exportações do ano passado tiveram um recuo de 45%, enquanto o emplacamento no país cresceu 33,3%. Com isso, a produção de caminhões fechou o ano em 113,5 mil, uma alta de 7,5% sobre 2018.
 

Produção de 2020 deve crescer, mas abaixo do pico

A produção de veículos projetada pela entidade para este ano é de 3,16 milhões, em uma alta de 7,3% em relação a 2019. Embora represente um crescimento, o número ainda está 550 mil unidades abaixo do pico de 2013, quando a produção chegou a 3,71 milhões.

A conta da Anfavea leva em consideração que a situação da Argentina continuará afetando as vendas para fora, derrubando as exportações novamente neste ano, em 11%.

Nessa linha, 2020 deve ser mais um ano em que o setor interno deverá segurar a produção de automóveis no país, com um crescimento de 9,4% no emplacamento no país.

Sobre o cenário econômico brasileiro, a entidade projeta uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 1,2% para 2019, e um avanço de 2,5% neste ano.

Moares afirmou que o começo deste ano apresenta sinais mais propícios para um desempenho melhor da economia. Na sua avaliação, uma retomada ainda que lenta do mercado de trabalho formal, a inflação sob controle e a taxa de juros em seu patamar mais baixo da história são indicadores positivos.

"A retomada do emprego com carteira assinada ainda está lento, mas está dando sinais, e isso pode ajudar a sustentar o consumo, e obviamente o setor automotivo ser favorecido", disse.

"Com a Selic em seu patamar mais baixo, há espaço para baixar a taxa que mais nos interessa, que é o CDC (instrumento financeiro para financiamento de automóveis)."

Hoje, segundo o presidente da entidade, a média do CDC está um pouco abaixo de 19%, algo parecido com o que ocorreu em meados de 2013. A diferença, disse Moraes, é que o cenário de agora conta com a taxa básica de juros muito menor, dando espaço para uma maior redução da taxa de financiamento dos carros.

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