Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Donald Trump afirmou neste sábado (7) que não faz promessas sobre o aumento de tarifas aos produtos brasileiros.
Antes do jantar em Mar-a-Lago, resort do presidente americano perto de Miami, Trump fez uma aparição rápida diante de jornalistas ao lado de Bolsonaro. Elogiou o brasileiro mas não se comprometeu quando o assunto era o aumento de impostos dos produtos que chegam do Brasil.
"Ele [Bolsonaro] está fazendo um ótimo trabalho. O Brasil o ama e os EUA o amam. Nós temos uma ótima relação e sempre ajudamos o Brasil, provavelmente a relação está muito mais forte do que nunca", afirmou Trump.
Perguntado por um repórter se isso significaria que os EUA não sobretaxariam mais uma vez os produtos do Brasil, o americano respondeu: "não faço nenhuma promessa."
Bolsonaro, que não fala inglês, não estava acompanhado de um tradutor neste momento.
O governo brasileiro excluiu a Folha da cobertura do jantar. Um grupo de 15 jornalistas foi selecionado pelo Planalto para acompanhar os desdobramentos do evento e os áudios foram repassados à reportagem por profissionais que estavam no local.
Entre os veículos escolhidos pela equipe de Bolsonaro estavam as emissoras de TV Globo, Record, Band e SBT e EBC, as agências de notícia Bloomberg, Reuters e AFP, a rádio Jovem Pan, os portais BBC Brasil e Metrópoles e os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.
No ano passado, os EUA haviam colocado tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiro, mas voltaram atrás em dezembro.
Em campanha à reeleição este ano, Trump segue uma política econômica protecionista e está há mais de dois anos em guerra comercial com a China, um dos principais parceiros do Brasil.
Integrantes da Casa Branca tinham expectativa de que o jantar servisse também de palco para discussões sobre novas medidas diante da crise na Venezuela, além de caminhos para o fechamento de um acordo comercial entre Brasil e EUA, mas sobre esse assunto não esperavam anúncios concretos.
Como mostrou a Folha, não deve haver um acordo de livre-comércio entre Brasil e EUA e o esforço por ora é por medidas de facilitação de negócios.
Os auxiliares do governo americano dizem ainda que Trump procura uma “solução conjunta” com Bolsonaro e o presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez, para aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, mas não deram detalhes de como isso poderia ser feito em parceria com o Planalto.
Na semana passada, o governo brasileiro determinou a remoção de diplomatas e funcionários que atuam na embaixada em Caracas e em consulados pelo país.
Antes do início do jantar, os dois líderes apareceram diante de jornalistas, mas somente Trump respondeu a perguntas. Bolsonaro, mesmo após ser chamado por repórteres brasileiros, virou as costas e entrou no salão onde seria realizado o evento.
Ainda segundo assessores da Casa Branca, a preocupação dos EUA sobre a entrada de empresas chinesas, como a Huawei, no mercado brasileiro do 5G também poderia ser tratada no encontro do americano com Bolsonaro.
Desde o ano passado, auxiliares de Trump têm aproveitado reuniões com autoridades brasileiras para levantar questões sobre a segurança dos equipamentos da Huawei, que estariam suscetíveis a ataques cibernéticos ou espionagem. Para os EUA, o Brasil deveria tratar o caso como um tema de segurança nacional.
Do lado de Trump no jantar, participaram o diretor para Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mauricio Claver-Carone, a assessora especial e filha do presidente, Ivanka Trump, o genro e assessor sênior, Jared Kushner, o conselheiro Nacional de Segurança, Robin O’Brien, e o presidente da Corporação Internacional para o Desenvolvimento das Finanças dos EUA, Adam Boehler.
Já do lado de Bolsonaro, estavam o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o embaixador Nestor Forster, cuja indicação ao cargo espera a aprovação do Senado, além do ministro Augusto Heleno (GSI) e do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.
O jantar começou por volta das 19h30 locais (21h30 do Basil). Essa é a quarta visita de Bolsonaro aos EUA e também a quarta vez que o brasileiro se encontra com Trump.
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