Descrição de chapéu Coronavírus

Economia brasileira pode cair 4,4% em 2020 por coronavírus, diz professor da FGV

Segundo relatório, riscos de a atividade ainda sentir efeitos negativos 'significativos' até 2023

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A economia brasileira poderá ter contração de 4,4% em 2020 sob efeito dos impactos da crise do coronavírus, segundo estimativa do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV (Fundação Getulio Vargas), com riscos de a atividade ainda sentir efeitos negativos "significativos" até 2023.

De acordo com o professor Emerson Marçal, um dos responsáveis pelo cálculo, não se trata de uma previsão, mas de uma simulação de qual seria o cenário diante de uma crise que some os impactos de mesma magnitude da crise internacional de 2008 e da greve dos caminhoneiros em 2018.

Esse cenário reflete a junção de outros dois. Somente com o efeito similar ao da greve dos caminhoneiros, a variação do PIB em 2020 seria zero. "Tal cenário é muito improvável, sendo visto como piso para os efeitos da atual crise", disse o estudo.

Já o segundo cenário considera um quadro em que apenas o canal externo da crise está operante, com a magnitude baseada em informações dos eventos da crise financeira global de 2008. O PIB cairia 2,5% em 2020 nessa conta.

“A gente fez foi um exercício para tentar ter uma ideia de grandeza do que está por vir. A economia mundial está parada, e isso já teria um efeito brutal na economia brasileira. Também estamos tomando medidas para desligar a atividade econômica aqui dentro, algo similar à greve dos caminheiros, em que tivemos condições restritas por um mês. Simulamos com um modelo o impacto das duas coisas juntas”, afirma Marçal.

Nessa hipótese, a economia teria crescimento de 1,1% em 2021 e 1,9% em 2022, desempenhos piores que os estimados no cenário sem crise (2,3% e 2,4%, respectivamente).

“Não se pode menosprezar a chance desse evento gerar um dano econômico grave”, afirmou o professor da FGV. “Acho difícil retomar rapidamente uma certa normalidade.”

Premissas bem razoáveis sobre como estes dois canais operarão no Brasil sugerem que a crise terá um custo econômico bastante alto, segundo o estudo. "Este custo será tão menor quanto mais rápido houver uma normalização nos principais mercados internacionais e quanto melhor o governo brasileiro, nos seus diversos níveis, mostrar-se capaz de gerir a crise de contágio doméstico", acrescenta.

Várias instituições financeiras têm revisado para baixo suas projeções para a economia neste ano, com boa parte prevendo retração do PIB. Pela mais recente pesquisa Focus, o mercado ainda esperava crescimento de 1,68%.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.