Descrição de chapéu Coronavírus

Com apoio do governo, presidente do Senado irá relatar socorro aos estados

Davi Alcolumbre foi indicado em reunião de líderes dos partidos que têm representação na Casa

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Brasília

Em uma tática nada usual, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi indicado como o relator do projeto que prevê ajuda financeira aos estados e municípios durante a crise do coronavírus.

A decisão pelo nome do senador foi articulada entre o governo e partidos do centrão, que negociam espaço no governo Jair Bolsonaro em troca de apoio na Câmara e também no Senado.

A indicação de Davi Alcolumbre foi decidida nesta segunda-feira (22), após reuniões no Palácio do Planalto e anunciada pelo líder do governo, Senador Fernando Bezerra (MDB-PE).

No Ministério da Economia, o nome do senador era colocado como o adequado, uma vez que o governo já abriu um canal de negociação com o presidente da Casa.

"Essa é uma forma de estabelecer uma relação política e institucional com o governo", disse o presidente do Senado aos líderes.

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); senador foi indicado como relator do projeto que prevê ajuda financeira aos estados e municípios
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); senador foi indicado como relator do projeto que prevê ajuda financeira aos estados e municípios - Pedro Ladeira/Folhapress

Segundo a assessoria de Alcolumbre, o texto do projeto deve ser finalizado até o final desta semana. Durante o fim de semana, Alcolumbre esteve reunido com técnicos do Senado e a equipe econômica acertando a medida.

"Independentemente de ele ser o relator, ele vai ajudar a construir o texto. Ele tem sido a única fonte de conversa com o governo", afirmou a assessoria.

A reunião virtual que selou o nome de Alcolumbre não foi transmitida pelos canais oficiais do Senado, mas foi acompanhada pela Folha.

"O mais adequado para a missão de relatar esse projeto é o presidente Davi. Eu concordo com o líder Bezerra nesta indicação", disse o líder do MDB, Eduardo Braga (AM).

Quem também apoiou a indicação foi o líder do PP, senador Esperidião Amin (SC). "O presidente Davi já está negociando com o governo. Da forma como ele está agindo, já é de fato o relator deste projeto", afirmou aos colegas.

A indicação do presidente do Senado foi apoiada pela maioria dos líderes, entre eles o do PT, Humberto Costa (PE).

Durante a reunião virtual, senadores se manifestaram contrários, como a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), Simone Tebet (MDB-MS) e o líder do PSL, Major Olímpio (SP). Eles, contudo, foram voto vencido.

"O presidente Davi é adequado e moderado para fazer essa intermediação com o governo", disse o líder o PT.

O projeto do governo que será votado no Senado vai engavetar o texto aprovado pelos deputados sem contrapartidas de estados e municípios. O projeto foi articulado pelo presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), com governadores.

Para alguns senadores, a decisão de Alcolumbre de aceitar a relatoria o coloca em divergência direta com Maia. Alcolumbre tem mantido conversas regulares com a equipe do governo, inclusive com o presidente Bolsonaro, com quem esteve reunido ainda nesta quarta-feira (22).​

De acordo com um dos senadores ouvidos pela reportagem após a reunião, o governo está usando Alcolumbre para enfraquecer Maia e a Câmara.

​Para tentar barrar o plano da Câmara, o governo, por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou aos senadores contraproposta de R$ 127,3 bilhões. Isso inclui R$ 49,9 bilhões com medidas já adotadas e R$ 77,4 bilhões de novas ações.

Na segunda-feira (20), o ministro disse que poderia ampliar o plano do governo. Para isso, o Senado teria de aprovar o congelamento de salários do funcionalismo por dois anos.

Apesar da promessa, técnicos da economia veem pouco espaço para que esse auxílio financeiro seja expandido. Davi, contudo, falou aos colegas que o congelamento de salários estará na proposta.

"Servidor público tem de aprender a contribuir também", disse o presidente do Senado durante a reunião com os líderes.

​O governo tem insistindo no argumento de que a proposta da Câmara prejudica os estados do Nordeste e do Norte, para convencer os senadores a alterarem o modelo de divisão dos recursos defendido por Maia.

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