Descrição de chapéu Financial Times

Dona da OLX funde operações com eBay em transação de US$ 9,2 bilhões

Negócio deve ser concluído no 1º tri de 2021, e está sujeito à aprovação de acionistas da Adevinta e de autoridades regulatórias

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Richard Milne Arash Massoudi
Oslo e Londres | Financial Times

O grupo Adevinta, da Noruega e dona do site de vendas OLX, está pagando US$ 9,2 bilhões (R$ 47 bilhões) em dinheiro e ações a fim de criar a maior operação mundial de anúncios classificados online, com o eBay.

O eBay receberá US$ 2,5 bilhões (R$ 12,7 bilhões) em dinheiro e se tornará o maior acionista da Adevinta, com 44% de participação e um terço dos direitos de voto na companhia norueguesa.

A companhia combinada inclui sites de anúncios classificados em 20 países, como o leboncoin, na França, Gumtree, no Reino Unido, e mobile.de, na Alemanha, com receitas anuais de cerca de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,1 bilhões) e lucro operacional de quase US$ 600 milhões (R$ 3 bilhões) no ano passado.

A sign is posted in front of the eBay headquarters on January 22, 2014 in San Jose, California
A sign is posted in front of the eBay headquarters on January 22, 2014 in San Jose, California - Justin Sullivan/AFP

A Adevinta, que foi criada pela cisão do grupo de mídia norueguês Schibsted no ano passado, foi superada na proposta inicial, oferecendo US$ 8 bilhões (R$ 40,8 bilhões) em dinheiro e ações ante uma oferta de US$ 9 bilhões (R$ 45,9 bilhões) em dinheiro da rival Prosus, a operação holandesa do grupo sul-africano Naspers, de acordo com pessoas informadas sobre a transação.

Mas James Iannone, o presidente-executivo do eBay, convenceu os conselheiros da empresa no final de semana de que o grupo de comércio eletrônico americano devia manter sua presença mercado de anúncios classificados, e persuadiu a Adevinta a elevar sua oferta.

As ações da Adevinta subiram em mais de um terço na terça-feira, elevando o valor contábil da transação para o eBay a mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,2 bilhões). As ações da Schibsted subiram em um quinto.

Rolv Erik Ryssdal, presidente-executivo da Adevinta, disse ao Financial Times que a fusão era “a combinação dos nossos sonhos”, porque os negócios das duas empresas são em geral complementares.

“É a transação mais empolgante que poderíamos fazer”, ele disse, acrescentando que a fusão faria da Adevinta a empresa número um de classificados nas principais economias da Europa –Alemanha, França, Espanha e Itália.

A transação marca a segunda grande desova de ativos pelo eBay desde que a empresa recebeu apelos de acionistas ativistas, no ano passado, para que concentrasse suas atenções em sua atividade principal.

Pessoas familiares com a transação disseram que o eBay conseguiria economizar em custos tributários ao realizar uma fusão em lugar de uma venda.

A Adevinta foi formada pela cisão da Schibsted, que controla alguns dos maiores jornais e mercados online da Noruega, Suécia e Finlândia, em abril de 2019, e sua capitalização de mercado era de 79 bilhões de coroas norueguesas (R$ 43,9 bilhões) antes da transação.

A participação controladora da Schibsted na Adevinta cairá de 59% para cerca de 33% depois da transação, sob a qual a companhia de mídia também pagará US$ 330 milhões (R$ 1,68 bilhão) ao eBay por seu seu serviço de classificados na Dinamarca, reduzindo o pagamento em dinheiro da Adevinta à companhia americana a US$ 2,17 bilhões (R$ 11 bilhões).

A Adevinta estimou que obteria entre US$ 150 milhões (R$ 766 milhões) e US$ 185 milhões (R$ 945 milhões) em sinergias operacionais com a transação, em dois anos, com dois terços desse valor relacionados a reduções de custos. A transação deve ser concluída no primeiro trimestre do ano que vem, e está sujeita à aprovação dos acionistas da Adevinta e das autoridades regulatórias.

O grupo combinado operará mercados online que vendem toda espécie de coisa, de casas e carros a produtos usados, em países como França, Alemanha e Espanha, e também no Brasil e Canadá.

Ryssdal disse que a crise do coronavírus havia “acelerado muito os hábitos digitais” e demonstrado que o modelo de negócios da Adevinta era “muito resiliente”.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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