Descrição de chapéu Folhainvest

Oferta de ações cresce 53% no primeiro semestre mesmo com pandemia

Empresas buscam alternativas de capitalização com IPOs e follow-ons

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No cenário de juros baixo e Bolsas de Valores em alta, empresas aproveitam para fortalecer o caixa para enfrentar a crise do novo coronavírus no mercado de ações. No primeiro semestre de 2020 foram sete follow-ons (ofertas subsequentes de ações) e cinco IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês), com quase o dobro da participação de pessoas físicas em relação ao mesmo período de 2019.

“Começamos o ano muito bem. Janeiro foi bastante forte de ofertas e agora o mercado começou a reaquecer. Ninguém está feliz, tivemos um grande impacto com a pandemia, mas investidores acreditam na recuperação e têm a percepção de que a crise não é permanente”, diz Jorge Junqueira, sócio da Gaus Capital.

Painel da B3, em São Paulo
Painel da B3, em São Paulo; após forte queda em maio, ofertas de ações retomam ritmo - REUTERS/Paulo Whitaker

Ele estima que, mantida a retomada da Bolsa, mais 15 empresas podem abrir capital até o final do ano.
Em março, com a forte queda da Bolsa de Valores, 20 empresas interromperam o seu processo de abertura de capital. Em junho, quatro delas retomaram o IPO. Ao todo, estão em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) 20 pedidos.

Até o momento, 2020 já superou o número de aberturas de 2019. Foram cinco estreias no ano passado, contra sete neste ano.

Duas delas aconteceram em julho. As ações da Ambipar, empresa de gestão de resíduos, passam a ser negociadas na Bolsa brasileira nesta segunda-feira (13). A companhia levantou R$ 1,08 bilhão na oferta para renegociar e antecipar pagamentos de dívidas com custo de captação elevado e expandir o negócio.

Outro IPO foi da Aura Minerals, empresa de mineração de ouro listada na Bolsa do Canadá. Suas ações agora são negociadas na B3 sob a forma de BDR (recibos depositários brasileiros, na sigla em inglês). Por se tratar de uma oferta com esforços restritos —limitada a 75 investidores, porém, com menos burocracia— apenas investidores qualificados (que têm mais de R$ 1 milhão investido) poderão negociar o papel nos próximos 18 meses. Depois dessa data, qualquer investidor pode comprar o papel. Apesar da exclusividade, a empresa levantou R$ 790 milhões para reforçar o caixa e expandir o negócio.

O mês também já teve dois follow-ons. O BTG Pactual captou R$ 2,6 bilhões para expandir sua atividade de varejo e a XP, listada em Nova York, teve a redução da participação da empresa de investimentos General Atlantic e fortalecimento do caixa em oferta que pode chegar a US$ 1,012 bilhão (R$ 5,38 bilhões).

Anunciaram ofertas subsequentes de ações para fortalecer o caixa Lojas Americanas, Via Varejo, CVC e JHSF.

A Lojas Americanas e a sua subsidiária, a B2W, por exemplo, podem ter uma melhora na avaliação de crédito com a captação, que pode chegar a R$ 7 bilhões.

“A conclusão da oferta de ações deve permitir à Lojas Americanas e a sua controlada relevantes redução de dívida e fortalecimento da liquidez. Além disto, solidificaria a posição de mercado da companhia por criar condições para um forte programa de investimentos, financiado por recursos que não pressionariam sua alavancagem e que contribuiriam para uma maior redução dos riscos de seus negócios”, diz a Fitch.

As ofertas de ações e títulos de dívida no mercado de capitais são uma maneira de empresas levantarem recursos fora dos bancos, onde os juros e os custos podem ser mais elevados.

Com a migração do pequeno investidor brasileiro para a renda variável com a queda de juros, as empresas conseguem bons negócios mesmo em um momento de incerteza econômica por conta da pandemia de Covid-19.

Investidores são atraídos pela maior expectativa de ganhos nas operações. Apesar de arriscados, IPOs tem um maior potencial de retorno, enquanto follow-ons oferecem ações a um preço mais barato do que os papéis já negociados no mercado.

Apesar de tentadoras, especialistas apontam que as ofertas devem ser cuidadosamente estudadas pelo investidor.

“Não pode ser aposta, tem que ser um investimento consciente. É preciso entender o negócio de cada empresa. Conhecer o setor e analisar bem a condição financeira da companhia”, diz Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar.

A Allpark, por exemplo, acumula uma queda de 7,6% desde que abriu capital em maio, no primeiro IPO após a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarar pandemia do novo coronavírus.

“A Allpark fez o IPO por necessidade de caixa, já que não é um ativo interessante para a demanda do mercado”, diz Junqueira, da Gauss.

A empresa é dona da rede de estacionamentos Estapar e precisava captar recursos para pagar a concessão da zona azul na cidade de São Paulo.

Junqueira aponta que as ofertas mais esperadas nos próximos meses são de redes de farmácias, com os IPOs de Pague Menos e Profarma e o follow-on da Panvel. “É um setor bastante resiliente”, diz.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.