Descrição de chapéu desmatamento

Carrefour, Nestlé e outras gigantes lançam iniciativa contra desmatamento

Grupo de multinacionais de bens de consumo soma US$ 1,8 trilhão em valor de mercado

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São Paulo

Um grupo de 17 gigantes multinacionais de bens de consumo, entre varejistas e fabricantes, lançou nesta terça-feira (22) uma iniciativa global contra o desmatamento, a Forest Positive Coalition of Action (Coalizão de Ação Positiva da Floresta, em tradução livre).

Participam da iniciativa Carrefour, Colgate-Palmolive, Danone, Essity, General Mills, Grupo Bimbo, Jerónimo Martins, Mars, Metro AG, Mondelēz, Nestlé, P&G, PepsiCo, Sainsbury’s, Tesco, Unilever e Walmart. As empresas somam valor de mercado de US$ 1,8 trilhão (R$ 9,85 trilhões).

Segundo as companhias, a iniciativa tem como objetivo acabar com o desmatamento e a degradação florestal nas cadeias de suprimentos de commodities como óleo de palma, soja e embalagens de papel e papelão.

O Brasil deve retomar esse ano o posto de maior produtor de soja do mundo, superando os Estados Unidos, com uma safra recorde de 121 milhões de toneladas do grão, segundo a projeção revisada divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de setembro.

O país também é o segundo do mundo na produção de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos.

A ação da coalizão será coordenada com produtores, fornecedores, governos locais e a sociedade civil. A iniciativa foi lançada durante a Cúpula do Impacto do Desenvolvimento Sustentável do Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado online nesta semana.

“Acreditamos que a proteção das florestas é um fator de estímulo ao crescimento econômico, não um sacrifício ao crescimento”, afirmou em comunicado Grant Reid, presidente da Mars, dona de marcas como M&M’s, Snickers, Twix e Uncle Ben’s.

A iniciativa das empresas surge num momento em que cresce a pressão de consumidores para que companhias de bens de consumo assumam a responsabilidade pelo impacto ambiental de suas cadeias de valor.

Em agosto, a Tesco, maior rede de supermercados do Reino Unido, passou a pressionar o governo britânico para que ele obrigue empresas a rastrear suas cadeias de suprimentos, para garantir que elas não provocam danos ambientais, em meio à pressão para que a varejista deixe de vender produtos ligados ao desmatamento da Amazônia e do Cerrado.

"Fazer queimadas para limpar a terra para plantio ou pastagem está destruindo habitats preciosos como a floresta tropical brasileira. É por isso que não compramos carne do Brasil”, afirmou à época Dave Lewis, principal executivo da Tesco.

O vice-presidente Hamilton Mourão, responsável por concentrar políticas sobre a Amazônia
O vice-presidente Hamilton Mourão durante evento no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 16.set.2020/Reuters

Na semana passada, em carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão, oito países da Europa –Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Noruega, Holanda, Reino Unido e Bélgica– cobraram o governo brasileiro que tome iniciativas para conter o avanço do desmatamento na Amazônia.

“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, escreveram os países.

No Brasil, em julho, um grupo formado por 36 empresas e quatro organizações empresariais também endereçou carta a Mourão pedindo o combate “inflexível e abrangente” ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros.

Também os três maiores bancos privados do país –Santander, Bradesco e Itaú– estiveram reunidos com o vice-presidente naquele mês, com o objetivo de discutir uma agenda conjunta para a Amazônia.

Na segunda-feira (21), em audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal) o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou que nações, entidades e personalidades estrangeiras mentem sobre a atuação do Executivo na proteção da Amazônia com o objetivo de “prejudicar o Brasil e derrubar o governo de Jair Bolsonaro”.

Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro disse em seu discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas que as queimadas florestais se dão por condições naturais inevitáveis ou pela atuação de índios e caboclos.

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