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Bolsa brasileira bate pares latinos na última década

Levantamento feito pela Economática aponta comportamento do Ibovespa em dez anos

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São Paulo

Quem entrou na Bolsa de Valores brasileira nos últimos dez anos sentiu muita oscilação, o que é da natureza do mercado de renda variável. No entanto, o investidor que suportou o sobe e desce das cotações conseguiu rentabilidade real, descontada a inflação, superior aos obtidos nos mercados latino-americanos e, em alguns períodos, até acima dos índices das Bolsas dos Estados Unidos.

O desempenho do Ibovespa em comparação ao de indicadores de Bolsas do continente faz parte de um um levantamento da Economática. O cálculo é feito com base na rentabilidade dos índices, descontada a inflação respectiva de cada país.

O melhor desempenho ocorreu no acumulado dos cinco anos encerrados em 20 de abril. Nesse caso, o Ibovespa teve uma rentabilidade real (descontada a inflação) de 81,9%, ficando atrás apenas do Nasdaq Composite, da Bolsa de tecnologia de Nova York, que teve rentabilidade de 150,5%.

Rentabilidade real do Ibovespa supera índices americanos e pares latinos nos cinco anos
Rentabilidade real do Ibovespa supera índices americanos e pares latinos nos cinco anos - Michael Nagle - 18.mar.2020/Xinhua

Os índices americanos S&P 500 e Dow Jones registraram ganhos de 76,8% e 68%, respectivamente.

Segundo o gerente de relação institucional e comercial da Economática, Einar Rivero, o Ibovespa tem demonstrado bom desempenho ante seus pares latinos nos últimos dez anos.

“Mesmo nas janelas de três e dez anos, quando o Ibovespa perde em rentabilidade para todos os índices americanos, ele ainda supera México, Chile, Colômbia, Peru e Argentina. É relevante mostrar que a Bolsa está indo mal neste ano, convertido em dólar ou não, mas é preciso lembrar que são apenas quatro meses”, afirmou Rivero.

Na comparação de 12 meses até 20 de abril, o Ibovespa acumulou uma rentabilidade real de 43,3%, novamente superando Dow Jones (39,4%) e S&P 500 (42,7%), além de todos os seus pares latinos.

Nos últimos três anos, a rentabilidade real da Bolsa brasileira foi de 22,4% –atrás dos índices americanos, que renderam 30,3% (Dow Jones), 45,9% (S&P 500) e 81,8% (Nasdaq).

O mesmo acontece quando considerada a comparação no período de dez anos, quando o ganho de poder aquisitivo da Bolsa brasileira foi de apenas 3,3%, contra 129,1% do Dow Jones, 162,2% do S&P 500 e 315% do Nasdaq Composite.

A largada neste 2021, já mostra que a nova década vai exigir sangue frio de quem está disposto ao risco dos mercados.

Ainda segundo o levantamento da Economática, nos primeiros quatro meses deste ano, o índice acionário brasileiro registra uma perda real de 1,2%, contra ganhos reais de 8,7% do Dow Jones, 8,3% do S&P 500 e de 5,2% do Nasdaq Composite. No período, o Ibovespa ainda está acima dos índices do Peru (-9,6%), Argentina (-19%) e Colômbia (-10,2%), mas também perde para México (7,6%) e Chile (17,2%).

Segundo Rivero, o indicador acionário brasileiro reflete aspectos domésticos e internacionais.

“Sabemos que nesses quatro meses tivemos problemas referentes à nova onda do coronavírus no país e na atuação do governo no combate à doença. Mas mesmo se observarmos nos últimos 12 meses, houve uma recuperação do poder aquisitivo do investidor brasileiro em relação ao fundo do poço que vimos em março do ano passado”, afirmou.

O fundo do poço ao qual Rivero se refere é em 23 de março de 2020, momento em que o Ibovespa atingiu os 63 mil pontos –pior patamar desde julho de 2017. O movimento já seguia a toada das últimas semanas: entre 9 e 13 de março, por exemplo, a B3 chegou a acionar o circuit breaker quatro vezes.

O mecanismo de circuit breaker interrompe as negociações na Bolsa de Valores quando a queda do índice Ibovespa supera 10%. Durante a interrupção, não há possibilidade de fechamento de negócios com ativos, derivativos e títulos de renda fixa privada.

Segundo analistas de mercado, os principais fatores domésticos que têm influenciado o Ibovespa principalmente no último mês dizem respeito às incertezas em torno do cenário fiscal, sanitário e político.

O cenário para 2021, permanece instável. Do lado fiscal, os investidores mantinham –e ainda mantêm– o radar em relação à sanção do Orçamento de 2021, que trouxe opiniões diferentes entre o Congresso, a ala política e a equipe econômica.

Bolsonaro viveu um impasse: ou sancionava o Orçamento e corria risco de uma acusação por crime de responsabilidade ou vetava ao menos parcialmente o trecho e desagradava o Congresso.

A decisão veio apenas na última quinta-feira (22), quando Bolsonaro sancionou o projeto aprovado pelo Congresso. Em paralelo, o governo viabilizou o programa de corte de jornada e salários, o Pronampe e gastos emergenciais com saúde, além de facilitar o corte de verbas de ministérios.

Do lado sanitário, ainda preocupa a lentidão do programa de vacinação brasileiro, essencial para a retomada. No âmbito político, os investidores se preparam para acompanhar desenrolar da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, que investigará ações e omissões do governo federal e possíveis irregularidades, fraudes e superfaturamentos em contratos e serviços feitos com recursos da União e enviados a estados e municípios.

No curto prazo, o cenário ainda é de incerteza e instabilidade para os investidores que estão na Bolsa brasileira.

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