Irã usa mineração de criptomoedas para minimizar impacto de sanções, aponta estudo

Produção de bitcoins do país deve corresponder a receitas próximas de US$ 1 bilhão

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Anna Irrera
Londres | Reuters

Cerca de 4,5% de toda a mineração de bitcoin acontece no Irã, permitindo ao país obter centenas de milhões de dólares em criptomoedas que podem ser usadas em importações, minimizando o impacto de sanções impostas contra o país pelos Estados Unidos, afirma um estudo publicado nesta sexta-feira (21).

No atual nível de mineração, a produção de bitcoins do Irã deve corresponder a receitas próximas de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) por ano, segundo números da empresa de análise de dados de blockchain Elliptic.

Representantes do governo do Irã não puderam ser contatados de imediato para comentarem sobre o assunto.

O governo dos Estados Unidos impôs um embargo econômico quase total sobre o Irã, incluindo proibição de todas as importações.

Representação virtual da criptomoeda bitcoin; na foto, três moedas douradas sobre um fundo roxo
Representação virtual da criptomoeda bitcoin - Dado Ruvic - 15.mar.21/Reuters

Apesar dos números exatos "serem muito difíceis de se determinar", as estimativas da Elliptic são baseadas em dados coletados de mineradores de bitcoin pelo Cambridge Centre for Alternative Finance até abril de 2020 e em declarações da companhia estatal de geração de energia do Irã, que afirmou em janeiro que até 600 MW estavam sendo consumidos pelos mineradores de bitcoin.

O bitcoin e outras criptomoedas são criadas por meio de um processo conhecido como mineraçãono qual poderosos computadores competem entre si para resolverem complexos problemas matemáticos. O processo requer muita energia.

O banco central do Irã proíbe transações com bitcoins e outras criptomoedas produzidas no exterior, embora as moedas estejam amplamente disponíveis no mercado clandestino, segundo relatos da mídia local.

O Irã reconheceu oficialmente a mineração de criptomoedas como uma indústria nos últimos anos, oferecendo energia barata e exigindo que os mineradores vendam todos as moedas produzidas para o banco central. A oferta de energia barata para a atividade tem atraído mais grupos para o país. Teerã permite que criptomoedas mineradas no Irã possam ser usadas para pagamento de importações de produtos autorizados.

A eletricidade consumida pelos mineradores no Irã é equivalente a cerca de 10 milhões de barris de petróleo por ano, cerca de 4% das exportações petrolíferas do país em 2020, segundo o levantamento.

"O Irã, portanto, está efetivamente vendendo suas reservas de petróleo nos mercados globais por meio de mineração de bitcoin para contornar os embargos ao comércio", afirma o estudo.

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