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Fintechs financiam painel solar com economia na conta de luz

Avanço da geração de energia distribuída impulsiona novo nicho de startups

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São Paulo

O avanço do mercado de painéis solares para casas e pequenos comércios fez surgir um nicho de startups e fintechs especializadas em financiamento dos equipamentos.

Uma das propostas dessas empresas é alongar os prazos de pagamento dos sistemas para que, com parcelas pequenas, seja possível que o financiamento dos painéis seja pago mês a mês com o valor economizado na conta de luz, o que pode ganhar mais apelo em momento de crise hídrica e aumento de preço da energia.

Segundo Camila Ramos, diretora da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), as novas empresas trazem mais agilidade ao mercado com o uso de ferramentas digitais para negociação e fechamento de contratos e usam critérios técnicos na hora de avaliar o risco de conceder o crédito.

Ramos diz que o mercado conta atualmente com mais de 70 linhas de crédito para o financiamento de painéis solares, incluindo as de fintechs e de grandes bancos.

De acordo com a associação, foram instalados 207,7 mil sistemas para geração solar distribuída em 2020, ante 122,6 mil no ano anterior. No total, o Brasil conta com mais de 508 mil dessas instalações, segundo a entidade.

Vinicius Ferraz, sócio da Solar21, carrega painel solar; startup acabou de passar por um crowdfunding para expandir sistema de contratação de energia solar por assinatura - Karime Xavier/Folhapress

Uma das companhias novas nesse setor é a Solfácil. O empresário Fabio Carrara, fundador da fintech, diz que ela vem emprestando R$ 50 milhões ao mês para 2.000 novas instalações. O prazo de pagamento pode chegar a até dez anos.

Carrara diz que é importante que empresas especializadas financiem o crescimento do setor de energia solar porque é preciso conhecimento técnico para decidir para quais consumidores emprestar: "O risco dessa operação não está no cliente, está no projeto".

A ideia é que, se o painel gera economia para o cliente, ele paga em dia. O empresário diz pensar seu negócio mais como uma plataforma para quem quer investir do que de crédito.

A distribuição do crédito é feita, na maioria das vezes, por indicação dos instaladores. São 5.000 parceiros da companhia, diz Carrara.

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A Solfácil levantou R$ 21 milhões em 2020 em operação com a maior parte dos recursos vindo do Valor Capital Group no ano passado. Também emite debêntures para ter recursos para emprestar a seus clientes.

A Holu, startup que tem como sócia uma empresa norueguesa do setor, a Otovo, criou um mecanismo de financiamento que dá desconto ao cliente quando a radiação solar e a geração de energia ficam abaixo do esperado.

"Queríamos ter um produto em que, de fato, o cliente não precisasse investir nenhum real", diz Rodrigo Freire, presidente da startup.

No serviço da companhia, clientes indicam seu endereço e quanto gastam de energia. A partir desses dados, fornecedores cadastrados na plataforma da empresa enviam automaticamente propostas que podem interessar ao cliente.

A startup permite que o consumidor compare online opções de crédito próprias e de terceiros na hora de instalar um painel solar.

Outro formato testado pelo mercado é o de aluguel de painéis, em vez da compra. A opção é oferecida pela Solar21, startup que está finalizando captação na plataforma de financiamento coletivo SMU com cerca de R$ 2 milhões recebidos de investidores.

O modelo é oferecido a consumidores que gostariam de instalar um painel solar, mas não têm recursos para o investimento inicial no sistema. A companhia também se responsabiliza pela manutenção dos painéis, diz Vinicius Ferraz, fundador da empresa.

Como exemplo, Ferraz estima que um cliente que gastaria R$ 25 mil com a instalação das placas e paga conta mensal de R$ 500 pode conseguir assinar um sistema pagando aluguel de R$ 300 ao mês.

O cancelamento do uso do sistema, caso necessário, também é rápido, diz o empresário. A opção pode servir para quem mora de aluguel ou precisa mudar, mas há taxa para interromper o contrato antes do previsto.

A Solar21, que já tinha negócios no setor de condomínios, fez sua primeira instalação em uma casa da Grande São Paulo na última semana e tem lista de espera com 300 clientes, diz Ferraz.

A fintech Meu Financiamento Solar nasceu em 2020 de um desmembramento do Portal Solar, empresa do setor que reúne conteúdo e informações sobre fornecedores do mercado.

A startup tem o Banco BV (antigo Banco Votorantim) como investidor e parceiro para fornecer os recursos aos clientes.

A companhia faz cerca de 10 mil financiamentos por mês, diz o presidente, Rodolfo Meyer. O Meu Financiamento Solar também recebe 600 cadastros de novos instaladores a cada 30 dias.

O volume crescente de pessoas atuando no mercado como instaladores abriu espaço para a criação de uma fintech especializada no atendimento a eles.

A Edmond possui entre seus serviços sistema para que o integrador tenha conta digital, receba via cartão de crédito, antecipe recebíveis e faça pedidos e pagamentos a distribuidores.

"São quase 20 mil integradores, a maior parte empresas com menos de cinco pessoas que Não conseguem abrir conta em bancos tradicionais ou arcam com muitas taxas", diz Jackson Chirollo, presidente da empresa.

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