As grandes companhias dos Estados Unidos devem anunciar uma retomada forte dos lucros em seus resultados do segundo trimestre, sublinhando a escala da recuperação na situação das grandes empresas americanas desde o momento mais deprimido da pandemia.
As companhias que integram o índice S&P 500 de ações de primeira linha devem anunciar altas de quase 63% em seus resultados do segundo trimestre, ante o período em 2020, depois dos 52,5% no primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados da FactSet.
Se os dados do segundo trimestre cumprirem as expectativas de Wall Street, isso marcaria a maior alta desde o período que sucedeu imediatamente a crise financeira de 2008-2009.
A temporada de anúncios de resultados, que deve começar esta semana com grandes bancos como JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup reportando seus resultados financeiros, assumirá importância especial porque o S&P 500 está perto de um recorde de alta, depois de subir quase 16% do começo do ano para cá.
A recuperação prevista nos lucros, depois de uma recessão profunda nos resultados das empresas nos três primeiros trimestres do ano passado, deflagrada pela crise do coronavírus, deve ser liderada pelos bancos e por outras empresas sensíveis à situação da economia, de acordo com Jonathan Golub, estrategista chefe do Credit Suisse para o mercado de ações americano.
As ações nessas companhias “cíclicas” vêm apresentando bom desempenho este ano, já que os investidores antecipam que a maior economia do planeta registre crescimento vigoroso depois da contração de 3,5% sofrida no ano passado.
As ações do setor de energia, que se beneficiaram da alta das commodities, lideraram o mercado, superando o índice S&P 500 em mais de um terço do começo do ano para cá. O setor financeiro, que incorpora os bancos, mostra alta de mais de 20% do final de 2020 para cá.
Golub acrescentou que as expectativas de um grande crescimento nos lucros foi um motivo crucial para a alta nos preços das ações este ano. E significou que mesmo que o S&P 500 tenha saltado para um pico histórico, indicadores importantes quanto ao valor de mercado das empresas se mantiveram em geral estáveis.
O múltiplo médio com relação ao lucro antecipado para o ano é no momento de 21,6, ante 22,16 no começo de dezembro, de acordo com dados da FactSet. Mesmo assim, Rupert Thompson, vice-presidente de investimento do Kingswood Group, foi cauteloso.
“Creio que estejamos no pico em termos de níveis absoluto de crescimento”, ele disse. “Não vou dizer que estamos a um passo de uma virada para o negativo, mas a ideia de que a expectativa de lucro continue a ser um fator de apoio tão forte quanto foi nos últimos seis a 12 meses é dúbia”.
Geir Lode, da administradora de investimentos Federated Hermes, ecoou esse sentimento, declarando que a temporada de anúncio de resultados representava “um potencial solavanco” para os mercados, e pode “se provar desafiadora para muitas empresas que lutam por cumprir as fortes expectativas despertadas por um primeiro trimestre forte”.
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