Descrição de chapéu The New York Times

Obrigar trabalhador a se vacinar divide empresas nos EUA

Exigência de vacinação nem sempre se estende aos funcionários com salários mais baixos

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Lauren Hirsch
The New York Times

A maré começou a virar com relação à obrigatoriedade de vacinação nas empresas, com grandes empregadores como Disney, Facebook, Google e Walmart adotando requerimentos mais severos de vacinação para autorizar o retorno de empregados aos seus locais de trabalho.

Mas as regras vêm com algumas exceções importantes, enquanto os executivos tentam balancear saúde pública, relações trabalhistas e os resultados das empresas, de acordo com o boletim financeiro DealBook, do The New York Times.

Até agora, com a exceção do setor de saúde, a obrigatoriedade de vacinação no trabalho tendia a abranger apenas o pessoal de colarinho branco que os executivos desejam ver de volta ao escritório, e não os trabalhadores de remuneração mais baixa que estão na linha de frente e cuja probabilidade de vacinação é inferior.

No Walmart, por exemplo, as regras quanto a vacinação não cobrem os trabalhadores mais vulneráveis da companhia: os de suas lojas e armazéns. O grupo de varejo, o maior empregador privado dos Estados Unidos, anunciou que os trabalhadores em sua sede e os gestores que viajam pelo país precisam se vacinar obrigatoriamente. Em termos de escala, cerca de 17 mil do 1,6 milhão de empregados do Walmart trabalham na sede da empresa, em Bentonville, Arkansas.

Um medo que as empresas sentem com relação a regras de vacinação mais amplas é a de que estas possam afastar trabalhadores em um momento no qual contratar pessoal já está difícil, especialmente em setores como o varejo e os restaurantes. Ao mesmo tempo, não exigir vacinas pode fazer com que outros grupos de trabalhadores se sintam mais ansiosos e aumentar a probabilidade de demissões voluntárias.

“Para o Walmart, eles precisam ponderar, creio, quais são as preocupações reais sobre giro de pessoal, o impacto sobre sua reputação entre os trabalhadores de linha de frente, e o valor que eles poderiam extrair dessas regras ao afirmar que agora são líderes em saúde pública, entre os grandes empregadores”, disse Peter Berg, professor de relações de trabalho na Universidade Estadual do Michigan.

“Com base nesse cálculo, o Walmart pode decidir que ‘bem, não beneficiará muito a organização que a gente faça isso’”, ele acrescentou.

Vidro com cartaz anunciando vagas
Cartaz em restaurante anuncia vagas para cozinheiro e garçom, em Los Angeles, na Califórnia - Frederic J. Brown/AFP

Para outras empresas, como companhias de aviação, negociar as regras de vacinação com os sindicatos, cujas opiniões sobre a questão variam muito, torna a situação ainda mais complexa. Como parte de um acordo fechado em maio entre a United Airlines e seu sindicato, a Air Line Pilots Association, por exemplo, a vacinação não será obrigatória para os pilotos. Já no cinema e televisão, um acordo com os grandes sindicatos de Hollywood permitirá que os estúdios exijam vacinação de todo o pessoal presente nos sets.

“Se você observar a divisão de quem não está vacinado, são pessoas de renda mais baixa, pessoas que têm menor probabilidade de ter um plano de saúde ou seguro, pessoas em estados que refletem a politização da pandemia”, disse a médica Kirsten Bibbins-Domingo, vice-diretora de saúde populacional e de equidade da saúde na Universidade da Califórnia em San Francisco.

Companhias que adotem regras de vacinação parciais que “alarguem anda mais” essa brecha, ela disse, “só realizariam em parte” aquilo que as campanhas de vacinação têm o objetivo de realizar.

Tradução de Paulo Migliacci

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