Descrição de chapéu Financial Times mercado de trabalho

Empresas dos EUA procuram caminhoneiros estrangeiros por falta de motoristas no país

Transportadoras rodoviárias de menor porte pedem ao governo para afrouxar regras ou acelerar aprovação de vistos

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Steff Chavez
Chicago | Financial Times

A escassez de trabalhadores dispostos a dirigir caminhões se tornou tão severa nos Estados Unidos que alguns administradores de frotas estão solicitando que seja autorizada a entrada de mais caminhoneiros estrangeiros no país.

Dirigir caminhões sempre foi um trabalho com alto giro de pessoal e para o qual existe escassez de mão de obra. Mas isso se agravou desde a pandemia, com o fechamento de escolas de treinamento, o abandono do setor por alguns motoristas e um sistema mais rigoroso de teste de álcool e drogas que resultou em cerca de 60 mil demissões, disse Bob Costello, economista chefe da Associação Americana de Transporte Rodoviário.

A escassez é “a pior que já tivemos”, ele disse.

Algumas das transportadoras rodoviárias de menor porte agora estão implorando que o governo dos Estados Unidos afrouxe as regras ou acelere a aprovação de vistos, a fim de aliviar o desgaste nas redes de suprimento.

Caminhões em Darien, Connecticut - Jessica Resnick - 16.jan.2019/Reuters

No Petroleum Marketing Group, distribuidora de combustível que opera mais de 1,3 mil postos de gasolina na costa leste dos Estados Unidos, o vice-presidente de operações Andre LeBlanc disse que estava “em pé de guerra” para alertar governadores, senadores e os departamentos do Transporte e Trabalho do governo federal de que a falta de motoristas poderia resultar em escassez de combustível e causar aumentos no preço da gasolina nas bombas.

Ele disse que as autoridades poderiam aliviar a situação ao acelerar o processo de aprovação de vistos de trabalho permanente EB-3, que permitem que empregadores tragam ao país “pessoas que executam funções para os quais trabalhadores qualificados não estão disponíveis nos Estados Unidos”. O programa tem uma cota anual de 40 mil vistos.

“Não acho que a situação vá melhorar, mas temos uma solução e estou tentando conseguir que alguém me ouça”, disse LeBlanc.

Andrew Owens, presidente do conselho da Oregon Trucking Association, uma organização estadual de transportadoras, disse que a ideia de recorrer a motoristas estrangeiros estava “ganhando impulso”. Ele está organizando cerca de uma dúzia de transportadoras, por meio da Associação Americana de Transporte Rodoviário, para promover um encontro com legisladores americanos a fim de “defender nosso pedido de acelerar a aprovação dos EB-3”.

Parte do apelo será conseguir a colocação de motoristas de caminhões na Lista A do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. Essa designação identifica ocupações nas quais é considerado que existe escassez de indivíduos qualificados, e pode reduzir em 10 ou 12 meses o prazo de processamento de um visto EB-3, que tipicamente requer 18 meses, disse Jose Gomez-Urquiza, presidente-executivo da Visa Solutions, que coloca trabalhadores estrangeiros no setor de transporte dos Estados Unidos.

Outra opção seria contratar motoristas de caminhão para trabalho sazonal por meio de vistos H-2B, que permitem que trabalhadores estrangeiros ocupem temporariamente postos de trabalho que é difícil preencher com americanos, disse Gomez-Urquiza.

Washington pode aliviar a pressão sobre as cadeias de suprimento ao isentar os caminhoneiros da cota anual de 60 mil trabalhadores que existe para esse tipo de visto, disse Anda Malescu, sócia diretora do Malescu Law, um escritório de advocacia especializado em negócios e imigração, em Miami. O governo americano já elevou em 22 mil vistos o limite para concessão do H-2B neste ano fiscal.

LeBlanc tem a impressão de que as autoridades consideram inaceitável o conceito de trazer trabalhadores estrangeiros. Ele disse que um empregado do governo lhe perguntou: “Você quer mesmo me pedir para tentar trazer pessoas de fora dos Estados Unidos quando temos tanta gente desempregada?”

Malescu disse que as empresas de transporte rodoviários estavam mais interessadas em motoristas do México e do Canadá, porque as licenças de motoristas comerciais desses países são reconhecidas nos Estados Unidos. Algumas também buscam motoristas da África do Sul, ela disse.

O Departamento do Transporte americano anunciou em comunicado que estava “ativamente engajado em aumentar a disponibilidade de motoristas de caminhão para transporte de longa distância”. O Departamento do Trabalho americano não respondeu a um pedido de comentário.

O Petroleum Marketing Group, sediado na Virgínia, tem só 26 dos 74 motoristas de que precisa, disse LeBlanc. “Estamos tentando recrutar pessoal, mas não encontramos interessados, ninguém. Um de nossos atacadistas organizou um evento para atrair pessoal em um centro de convenções estaduais. Eles fizeram um churrasco e tudo mais. Duas pessoas apareceram”, ele disse.

Tradução de Paulo Migliacci

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