Criação de vagas de trabalho nos EUA desacelera com força em agosto; taxa de desemprego cai para 5,2%

Economistas esperavam abertura de 728 mil vagas e uma queda da taxa de desemprego para 5,2%

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Washington | Reuters

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em agosto em meio a uma diminuição da demanda por serviços e a persistente escassez de trabalhadores conforme as infecções por Covid-19 aumentam, mas o ritmo foi suficiente para sustentar a expansão econômica.

A economia norte-americana abriu, fora do setor agrícola, 235 mil postos de trabalho no mês passado, após 1,053 milhão em julho, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de empregos nesta sexta-feira (3).

A taxa de desemprego recuou para 5,2%, ante 5,4% em julho. No entanto, o número tem sido subestimado por pessoas que se classificam erroneamente como "empregadas, mas ausentes do trabalho".

Economistas consultados pela Reuters esperavam abertura de 728 mil vagas e uma queda da taxa de desemprego para 5,2%. As estimativas de criação de vagas variavam de 375 mil a 1,027 milhão de empregos.

Nos últimos anos, os dados de agosto ficaram abaixo das expectativas e mais lentos do que a média de criação de vagas dos três meses até julho, incluindo em 2020. A abertura de postos de trabalho em agosto foi posteriormente revisada para cima em 11 dos últimos 12 anos.

O relatório vem num momento em que economistas reduziram drasticamente suas estimativas para o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, mencionando o ressurgimento de casos impulsionados pela variante Delta do coronavírus, bem como a escassez implacável de matérias-primas, que estão reprimindo as vendas de automóveis e o reabastecimento.

Os dados serão analisados por investidores que tentam avaliar o momento do anúncio do Federal Reserve sobre quando o banco começará a reduzir seu enorme programa mensal de compra de títulos.

O chair do Fed, Jerome Powell, reafirmou na semana passada que vê uma recuperação econômica em curso, mas não deu nenhum sinal de quando o banco central dos EUA planeja cortar suas compras de ativos, dizendo somente que pode ser "neste ano".

Alguns economistas não acreditam que os dados abaixo das expectativas sejam fracos o suficiente para que o Fed volte atrás na sua ideia de começar a reduzir o estímulo "neste ano".

Dennis Lockhart, porém, um ex-membro do banco central dos Estados Unidos, diz que a instituição deve anunciar a redução gradual de suas compras de ativos em novembro e iniciar o processo um mês depois.

Esperar até novembro dará às autoridades mais dados sobre a recuperação do mercado de trabalho e o crescimento econômico, disse no Reuters Global Markets Forum (GMF).

Mas Lockhart, que foi presidente do Fed de Atlanta de 2007 a 2017, alertou que "dois próximos meses particularmente ruins" podem adiar esse cronograma.

Lockhart acredita que os mercados financeiros devem absorver o processo de redução de estímulos sem muita volatilidade, mas que o Fed deve se preocupar com a agitação persistente do mercado caso ela afete a economia real.

Atualmente membro sênior da Harvard Kennedy School, Lockhart vê a inflação como transitória "por enquanto".

Essas pressões de preços podem durar até 2022, tornando vital gerenciar as expectativas de inflação, disse ele.​

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