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Mais autoridades do Fed veem primeiro aumento de juros em 2022

Banco central americano dá o mais forte sinal até agora de que começará a reduzir programa de estímulo este ano

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Colby Smith
Nova York | Financial Times

Um número cada vez maior de autoridades do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, prevê um aumento da taxa de juros no próximo ano, conforme o Fed se prepara para recuar em seu enorme programa de estímulo econômico já em novembro.

Ao fim de uma reunião de dois dias na quarta-feira (22), o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês) manteve a taxa de juros básica na faixa de 0 a 0,25% enquanto prepara uma transição mais rápida para a política monetária mais rígida quando as taxas de juros forem aumentadas.

Sede do Federal Reserve, em Washington - Daniel Slim - 6.ago.2021/AFP

Novas projeções sugerem pelo menos mais uma elevação da taxa de juros em 2023 do que as autoridades previam em junho, elevando o total para pelo menos três, num sinal de que a recuperação econômica dos Estados Unidos está avançando mais rapidamente do que se previa. No início do verão, a maioria dos diretores do Fed previa pelo menos dois aumentos dos juros em 2023.

A direção do Fed estava dividida sobre a probabilidade de elevar os juros em 2022 —nove membros previam uma medida até o final do próximo ano e os outros nove a adiavam para 2023. Em junho, apenas sete diretores previam um aumento da taxa no próximo ano.

Pelo menos mais três aumentos da taxas de juros são esperados para 2024, segundo as projeções.
O cronograma acelerado para os aumentos foi acompanhado por pistas claras de que o Fed estará recuando neste ano do programa de aquisições de ativos de US$ 120 bilhões (R$ 633 bilhões) que apresentou para reforçar os mercados financeiros e a economia no início da pandemia.

O Fed prometeu comprar títulos do Tesouro e papéis apoiados por hipotecas nesse ritmo até que veja um "novo progresso substancial" na direção de uma inflação média de 2% e emprego máximo. Na quarta, ele admitiu um progresso na direção desses objetivos.

"Se o progresso continuar amplamente como esperado, o comitê considera que uma moderação no ritmo da aquisição de ativos poderá ser aconselhável em breve", disse o Fed em um comunicado.

O novo conjunto de projeções econômicas do Fed sugere uma inflação mais elevada do que se esperava em junho, quando o participante mediano do Fomc via a medida central em 3% em 2021 e 2,1% em 2022.

Agora, essas estimativas aumentaram para 3,7% e 2,3%, respectivamente. A taxa de desemprego deverá se manter em 4,8% este ano, ligeiramente acima das previsões de junho, enquanto o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deverá ser moderado.

As autoridades do Fed veem a economia se expandindo a 5,9% este ano, comparada com 7% em junho, antes de cair ainda mais, para 3,8%, em 2022.

A reunião do Fed ocorre em um momento frágil dos mercados financeiros, que sofreram a maior liquidação em meses nesta semana devido a temores sobre potencial contágio da crise de liquidez que sufoca a chinesa Evergrande, a construtora mais endividada do mundo.

Depois da divulgação do comunicado do Fed e de gráficos atualizados, o rendimento da dívida do Tesouro foi geralmente mais baixo. O rendimento de referência para 10 anos, que acompanha as expectativas do crescimento econômico, foi 0,03 ponto percentual menor, a 1,296%. Enquanto isso, o rendimento para dois anos, que acompanha as taxas de juros, ficou aproximadamente estável no dia, a 0,216%.

As ações americanas subiram, com o índice blue-chip S&P 500 atingindo o pico da temporada, com alta de 1,34%.

O índice do dólar, que pesa a moeda americana em relação a uma cesta de seis moedas rivais, ficou ligeiramente mais baixo.

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