Descrição de chapéu Financial Times Evergrande

Evergrande anuncia retomada de projetos no sul da China

Na tentativa de tranquilizar investidores, empresa publicou fotos de construções em pelo menos nove cidades

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Primrose Riordan Thomas Hale
Hong Kong | Financial Times

A incorporadora imobiliária chinesa Evergrande, que enfrenta alto endividamento, disse que retomou os trabalhos em alguns projetos no delta do Rio das Pérolas, no sul da China, numa tentativa de tranquilizar investidores nervosos.

O anúncio foi feito depois que a Evergrande efetuou o pagamento de US$ 83,5 milhões (R$ 463 milhões) de juros sobre um de seus títulos offshore que havia vencido em setembro, informou a mídia estatal chinesa na sexta-feira (22).

Em um post em sua conta na rede social WeChat no domingo, a Evergrande publicou fotos de trabalhadores em projetos em pelo menos nove cidades do sul, enfatizando que alguns tinham até mesmo concluído a construção. Algumas das fotos com carimbo de data e hora dos projetos na província de Guangdong eram de trabalhadores pintando o interior dos apartamentos.

"A construção no local está ocorrendo sem problemas, com segurança e de forma ordenada", disse a empresa no comunicado. A Evergrande está sediada em Shenzhen, que fica do outro lado da fronteira com Hong Kong, em Guangdong.

Em um documento apresentado em 31 de agosto, a empresa disse que suspendeu a construção de várias de suas centenas de projetos, muitos dos quais foram totalmente vendidos, sem fornecer detalhes. A empresa citou atrasos em pagamentos aos fornecedores e de taxas de construção devido às paralisações.

Acrescentou que caso as obras não sejam retomadas "podem existir riscos de prejuízos aos projetos e impacto na liquidez do grupo".

Os compradores de casas chineses estão cada vez mais preocupados com a situação, e pelo menos dois governos locais assumiram o controle da receita de vendas da Evergrande.

A reportagem de sexta-feira (22) sobre o pagamento do título ocorreu poucos dias antes do final de um período de carência de 30 dias, que teria resultado em uma moratória formal. Um detentor de títulos posteriormente confirmou ao Financial Times que havia recebido o pagamento.

O atraso no pagamento inicial em 23 de setembro gerou volatilidade nos mercados internacionais e temores globais sobre a saúde do setor imobiliário da China, que se contraiu no terceiro trimestre, de acordo com dados divulgados na semana passada. Outras construtoras menores deixaram de pagar suas dívidas nas últimas semanas.

Durante semanas de incerteza, os consultores dos detentores de títulos da Evergrande reclamaram que não haviam recebido nenhum "engajamento significativo" da empresa.

No final de junho, as reservas de terrenos totais do grupo cobriam 778 projetos em 223 cidades da China. Ela tinha passivos totais de mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão).

O governo de Pequim não deu qualquer indício de que apoiará a Evergrande, e no início de outubro o Banco Popular da China culpou a empresa por seus infortúnios e disse que qualquer impacto no sistema financeiro era "controlável".

Colaborou Joe Rennison, em Nova York

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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