Descrição de chapéu Auxílio Brasil

Governo faz último pagamento do Bolsa Família sem garantias de valor ampliado do Auxílio Brasil

Para ampliar gastos na área social, Bolsonaro depende de aprovação de medidas no Congresso

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Brasília

Após 18 anos, o Bolsa Família será encerrado a partir de novembro. O calendário da última parcela do programa termina nesta sexta-feira (29). Agora entra em cena o Auxílio Brasil, criado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Bolsonaro tentou, desde o primeiro ano de mandato, lançar um substituto para o Bolsa Família. Na avaliação de assessores do presidente, o programa que acaba nesta sexta era relacionado aos governos petistas.

Por isso, o Palácio do Planalto se empenhou em tirar do papel mudanças no formato da transferência de renda para a população mais carente e, com isso, trocar o nome do principal programa social federal.

Bolsa Família, que completaria 18 anos nesta quarta-feira (20/10), foi revogado por Medida Provisória
Cartão do Bolsa Família - Agência Brasil

O Auxílio Brasil foi criado por MP (medida provisória) editada em 10 de agosto. O texto já previa que o programa entraria em vigor após 90 dias.

Para não perder a validade, uma MP precisa do aval do Congresso em 120 dias, mas, durante esse período, já tem força de lei.

Mesmo sem a aprovação do Congresso, a MP, portanto, tem o poder de revogar o Bolsa Família e dar início ao novo programa social de Bolsonaro.

De acordo com o Ministério da Cidadania, o Auxílio Brasil começará a ser pago em 17 de novembro. O calendário seguirá as datas usuais do Bolsa Família, que divide os depósitos ao longo de 10 dias de acordo com o cadastro dos beneficiários.

Além do modelo de pagamento, o Auxílio Brasil também segue o mesmo padrão de inscrição que o Bolsa Família. A pessoa precisa fazer parte do Cadastro Único (que reúne os dados de beneficiários de programas sociais).

As bases do Auxílio Brasil seguem o formato do Bolsa Família. Quem já está no programa criado na gestão do PT será automaticamente transferido para a versão de Bolsonaro.

Famílias que já estavam na fila de espera do Bolsa Família devem ser incluídas no Auxílio Brasil.

O novo programa mantém as premissas do antecessor ao atender famílias em situação de extrema pobreza (renda mensal de até R$ 89 por pessoa, segundo o padrão atual do governo) e pobreza (entre R$ 89 e R$ 178).

Essas faixas, que não são corrigidas desde 2018, devem subir para R$ 93 e R$ 186, respectivamente. O reajuste, porém, não compensa a inflação do período. Quanto maior esses limites, mais pessoas podem se cadastrar

O programa de Bolsonaro altera a forma de calcular o benefício de cada família. Ao todo, serão nove tipos de benefícios que, ao final da conta, serão reunidos no valor a ser recebido.

Técnicos do governo afirmam que houve avanço nessa mudança de categorias de benefícios que compõem o valor final, que passa a ser mais ligado à composição familiar.

No entanto, a principal diferença entre o Auxílio Brasil e o Bolsa Família é a intenção do governo de ampliar a verba para o programa.

De olho nas eleições de 2022, Bolsonaro foi aconselhado por aliados a destinar mais recursos para essa área.

A popularidade dele subiu no auge do auxílio emergencial, mas agora segue em queda —mesmo com o aumento do orçamento do Auxílio Brasil, o novo programa ainda estará longe de alcançar a cobertura de famílias carentes que o auxílio emergencial teve.

O plano do governo é colocar um orçamento de aproximadamente R$ 85 bilhões para o Auxílio Brasil em 2022. Nos últimos anos, a verba do Bolsa Família ficou perto de R$ 35 bilhões.

Mas, para conseguir essa expansão dos recursos na área social, o governo precisa aprovar projetos no Congresso, além da MP que cria o Auxílio Brasil.

Nesta semana, o Palácio do Planalto sofreu um revés ao ver um dos pilares dessa estratégia não ser votado no plenário da Câmara —é a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios.

Essa PEC permitirá que os gastos do governo sejam ampliados por meio de duas medidas. Uma delas é um drible no teto de gastos, com o objetivo de elevar o limite de despesas federais. A outra é a criação de um valor máximo a ser pago em precatórios, que são dívidas da União já reconhecidas pela Justiça —o que estiver acima desse valor máximo deve ser pago em outros anos.

A ampliação do orçamento do Auxílio Brasil deve viabilizar o plano do governo de elevar o benefício médio das famílias. Hoje, o Bolsa Família paga, em média, cerca de R$ 190. Bolsonaro quer pagar, no mínimo, R$ 400 até dezembro de 2022.

Além disso, o governo quer que 17 milhões de famílias estejam no Auxílio Brasil. Hoje, o Bolsa Família atende a 14,7 milhões, mas já há pelo menos 1,2 milhão na fila de espera.

A PEC deve ser votada na próxima semana na Câmara. O ministro da Cidadania, João Roma, disse nesta quinta-feira (28) que, para pagar os R$ 400 do Auxílio Brasil a partir de dezembro, é preciso que a PEC seja aprovada pelas duas Casas do Congresso até a segunda semana de novembro.

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