Descrição de chapéu Banco Central copom juros

Grandes bancos começam semana do Copom vendo alta de até 1,50 p.p. da Selic

Instituições veem aceleração dos juros com inflação potencializada por alta do dólar e incertezas

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José de Castro
São Paulo | Reuters

A semana da decisão de política monetária do Banco Central brasileiro começa com mais instituições financeiras prevendo aceleração no ritmo de aumento dos juros, à medida que investidores veem desancoragem das perspectivas inflacionárias em meio à desvalorização cambial e ao cenário geral de incerteza.

O Bacen divulga ainda na manhã desta segunda-feira (25) a atualização semanal do relatório Focus, que deve trazer estimativas mais altas para o juro.

"O Banco Central vai se deparar com diversos desafios, vindos da piora do debate fiscal, do cenário externo mais desafiador e das pressões altistas sobre a inflação. Nesse cenário, o Copom deve alterar o ritmo de alta da Selic da próxima semana", disse em nota o departamento econômico do Bradesco, que vê acréscimo de 1,25 ponto percentual da Selic na quarta-feira (27), para 7,50% ao ano.

Fachada do Banco Central do Brasil, Brasília - Leonardo Sá - 18.out.2021/Agência Senado

Na noite de sexta-feira (22), o Goldman Sachs divulgou relatório no qual previu que o Bacen elevará os juros em "pelo menos" 1,25 ponto percentual, dados os recentes desenvolvimentos macrofinanceiros "muito significativos", levando a Selic a um patamar "modestamente acima do neutro".

"Além disso, avaliamos uma probabilidade de 33% de uma alta maior da Selic, de 150 pontos-base. A divulgação do IPCA-15 de outubro na véspera da decisão e condições de mercado no início da semana devem ter repercussão na magnitude da resposta de política monetária do Copom", disse Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina do banco.

A XP se juntou ao time que enxerga aperto monetário ainda mais agressivo pelo BC, de 1,50 ponto percentual. Ao fim do ciclo, a casa estima que a Selic estará em 11% ao ano, ante taxa de 6,25% atualmente.

"Em nossa opinião, estamos observando uma mudança de regime na condução da política fiscal, e não 'apenas' uma piora na margem", afirmou em nota Caio Megale, economista-chefe da XP, que prevê outra alta de 1,50 ponto no encontro do Copom de dezembro.

"Apesar de não projetarmos convergência da inflação à meta no horizonte relevante, o aperto mais intenso da política monetária será importante para evitar uma desancoragem maior das expectativas", disse.

"Além disso, destacamos que a deterioração do quadro fiscal levará a aumento expressivo do juro neutro na economia brasileira (para além dos 3% estimados atualmente pelo Banco Central)."

O Barclays também passou a ver elevação dos juros de 1,50 ponto percentual. Seria a maior alta da taxa desde 14 de outubro de 2002, quando o Bacen promoveu um choque de 3 pontos percentuais na taxa básica (de 18% para 21%) pouco mais de uma semana depois do primeiro turno das eleições daquele ano, que sagraram Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República.

O Barclays fala em "incerteza em espiral" para justificar a mudança de prognóstico. "Além disso (mais gasto para Auxílio Brasil e ruído sobre precatórios), uma possível extensão do auxílio emergencial que expira neste mês e crescentes pressões por subsídios aos combustíveis para caminhoneiros em meio a ameaças de greves nacionais podem aumentar o nervosismo do mercado", disse o banco em relatório.

O UBS BB também espera mais 1,50 ponto percentual de juros nesta semana e também em dezembro, com mais aperto contratado para o começo de 2022. Com isso, a taxa básica concluiria o ano que vem em 10,25% nominal, maior patamar desde julho de 2017 e 825 pontos-base acima da mínima histórica de 2% que vigorou entre agosto de 2020 e março de 2021.

Ainda na quinta (21), o Morgan Stanley elevou a 125 pontos-base o prognóstico de aperto monetário na próxima reunião do Copom. Para a instituição financeira, "125 pontos-base agora são os novos 100 pontos-base" —referindo-se à indicação do BC de não antecipar aumentos de forma agressiva.

A magnitude de aumento de 125 pontos-base para a próxima semana agora é prevista também pelo Credit Suisse, que calcula ainda outra elevação de 125 pontos-base em dezembro e mais duas altas adicionais no começo de 2022 —a primeira de 100 pontos-base e a segunda de 75 pontos-base, levando a Selic a 10,5% ao fim do ano que vem.

A mudança de cenário pelo JPMorgan foi a primeira a fazer preço no mercado. O banco elevou na quinta-feira (21) a 125 pontos-base sua projeção de adição da taxa Selic pelo Banco Central em cada uma das próximas duas reuniões do Copom, com o BC forçado a acelerar o ritmo de aperto monetário devido à deterioração do balanço de riscos para os preços.

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