Guedes diz que revisar teto é politicamente oportunista, mas tecnicamente defensável

Ministro afirma que inflação é um problema e defende benefício de R$ 400 para atender pessoas que passam fome

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Brasília

Em meio às negociações no Congresso para revisar o teto de gastos e abrir espaço para despesas do governo em ano eleitoral, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quarta-feira (17) que a alteração da regra fiscal é politicamente oportunista, mas tecnicamente defensável.

Em evento promovido pelo Bradesco BBI, Guedes disse que a inflação é um problema e defendeu que o governo pague o Auxílio Brasil de R$ 400 para atender pessoas que passam fome. Ele afirmou que o governo tem ouvido relatos de famílias em situação vulnerável e comendo ossos.

"[Alterar a regra do teto] foi certamente oportunista, de um ponto de vista político, mas é razoável", disse o ministro, em apresentação em inglês.

Ministro Paulo Guedes (Economia) em coletiva no Ministério da Economia, em Brasília
Ministro Paulo Guedes em coletiva no Ministério da Economia, em Brasília
AFP
Ministro Paulo Guedes (Economia)

Segundo ele, a revisão é tecnicamente defensável porque apenas corrige uma falta de sincronia entre os índices que corrigem os gastos do governo e o limite do teto.

A Câmara aprovou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita os gastos com precatórios —dívidas do governo reconhecidas pela Justiça— e promove essa alteração na regra fiscal, abrindo uma margem superior a R$ 90 bilhões nas contas de 2022. O texto ainda depende de análise do Senado.

O ministro voltou a dizer que as apostas de economistas sobre a recuperação da atividade no Brasil estão erradas, mas reconheceu que a inflação é um problema.

"Nos últimos seis meses, tudo que ouvimos é que as pessoas estão comendo ossos, estão com fome. Então, se elas precisam de comida, [vamos dar] R$ 400 de renda básica e fazer uma revisão do teto", afirmou.

De acordo com o ministro, há relatos de senadores trabalhando para que todo o gasto do governo com precatórios fique fora do teto. Para ele, avançar com essa ideia seria um erro e deixaria a conta das sentenças judiciais fora de controle, gerando desorganização fiscal e incerteza sobre o crescimento do país.

A PEC aprovada na Câmara não tira os precatórios da contabilização da regra fiscal, mas cria um teto anual para essas despesas.

Guedes ainda lamentou que o Senado tenha travado a tramitação da reforma do Imposto de Renda, já aprovada pela Câmara. Ele afirmou que pré-candidatos às eleições de 2022 devem propor reformas que elevem a carga tributária e disse que seria melhor o Congresso aprovar logo o projeto.

O ministro não falou especificamente sobre a promessa do presidente Jair Bolsonaro de reajustar salários de servidores públicos, mas ressaltou iniciativas do governo para reduzir a conta da folha salarial, como o congelamento das remunerações até o fim deste ano.

O ministro ressaltou que, no momento em que foi proposta a trava salarial para o funcionalismo, os servidores públicos tinham remuneração razoável, acima do praticado pela iniciativa privada.

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