Bolsonaro admite reformas travadas e diz que Congresso não quer ser acusado de tirar direitos em ano eleitoral

Presidente disse que gostaria de ver reforma administrativa aprovada, mas reconheceu que parlamentares não devem votar temas polêmicos para garantirem reeleição

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu nesta segunda-feira (10) que as reformas do governo não devem tramitar no Congresso neste ano por conta das eleições que ocorrem em outubro. Na avaliação de Bolsonaro, deputados e senadores não estariam dispostos "a pagar um preço" para votar mudanças estruturais às vésperas do pleito.

" [Anos eleitorais] são anos difíceis, não tem negociação. O parlamentar, no final das contas, ele vê onde é que ele vai pagar o preço com aquele voto contrário ou favorável à tal proposta", disse em em entrevista à TV Jovem Pan.

O mandatário também comentou que "gostaria que a reforma administrativa avançasse", mas ponderou que "o parlamentar não quer concorrer à reeleição sendo acusado de ter tirado algum direito, seja lá o que for, por parte dos servidores".

Originalmente apresentada pelo governo Bolsonaro para endurecer as regras do funcionalismo, a reforma administrativa foi aprovada por uma comissão especial da Câmara no final de setembro, mas ainda não foi pautada no plenário da Câmara por não haver votos suficientes entre a maioria dos deputados.

O próprio presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), já reclamou da falta de esforço do governo para aprovação do texto.

A proposta em discussão acabou por manter previsão de estabilidade a todos os servidores, ainda que com possibilidade de demissão por desempenho insuficiente, e com dispositivo que estipula corte de salário em até 25% em caso de crise fiscal.

A PEC precisa do apoio mínimo de 308 dos 513 parlamentares, em votação em dois turnos, para ser aprovada. Se passar, o texto irá ao Senado. Lá são necessários os votos de 49 dos 81 congressistas, também em votação de dois turnos.

Além dos pontos controversos, a proximidade das eleições tem afastado a possibilidade de votação da proposta.

Em todo ano eleitoral, é comum o Congresso se esvaziar. É o chamado "recesso branco", que ocorre quando os parlamentares vão para as bases cuidar de campanhas. O movimento, contudo, se dá de forma mais comum no segundo semestre do ano eleitoral. Desta vez, a corrida foi antecipada.

Líderes dos partidos da base governista no Congresso confirmam que não há uma agenda de prioridades para 2022. A última medida significativa aprovada foi a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que abre espaço orçamentário para o Auxílio Brasil de R$ 400.

De um modo geral, os parlamentares dizem que a ideia é focar nas votações de menor monta neste ano. Assim como no Palácio do Planalto, o foco na Câmara e em parte do Senado é a tentativa de reeleição dos próprios congressistas.

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